Cineteatro São Luiz recebe Mestres da Cultura para encontro com o público

Projeto no Cineteatro São Luiz fomenta contato dos cearenses com Mestres da Cultura

Os prédios históricos do Centro de Fortaleza testemunharam momentos significativos ao longo do crescimento da cidade e servem de inspiração para o resgate da memória do povo. Até fevereiro de 2019, o hall do Cineteatro São Luiz será um desses espaços, ao receber uma série de encontros carregados de simbolismo, por meio do projeto "Curta a Tradição, Curta Cultura, Curta o São Luiz".

Quinzenalmente, às sextas-feiras, a partir das 12h30, o público tem a oportunidade de estar perto dos Mestres da Cultura e conhecer melhor a contribuição de cada um para o Estado, em ciclo de debates com participação gratuita.

Figuras expressivas para a construção e manutenção da identidade cearense, os Mestres são reconhecidos como patrimônio imaterial pelo edital estadual Tesouros Vivos, por meio da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult).

Os primeiros encontros evidenciaram nomes como Mestra Cacique Pequena, a primeira mulher cacique conhecida no Ceará e no Brasil; Mestre Pimenta, palhaço com a vida dedicada à arte do circo; e o Maracatu Az de Ouro, o mais antigo do Estado. Amanhã, será a vez do Mestre Chico Bento Calungueiro, referência na tradição do mamulengo.

Para novembro, mês da Consciência Negra, o projeto traz a Mestra Mãe Zimá, mãe de santo que preserva a cultura ancestral africana ao desenvolver práticas e rituais da umbanda. "Trabalho há 60 anos e, há 25, fundei o terreiro Ogum Megê. Cuido muito da parte espiritual de cada pessoa que bate na minha porta. Gosto de curar, de abrir os caminhos", conta a mãe de santo titulada como Mestre da Cultura no primeiro semestre deste ano.

"Vou falar sobre a religião, sobre minha vida, sobre o preconceito", adianta ela, que já viajou para outros estados do Brasil e países como Alemanha, Portugal e França para difundir a umbanda.

Identidade

Curador e idealizador dos encontros, o ator e circense Cláudio Ivo pontua que o projeto estreita a relação do povo com a cultura local. "O cearense não tem o costume de ir ao teatro, à exposição de um artista regional. Você cuida da sua cultura quando gosta, mas precisa conhecer para poder cuidar. O acesso a um Mestre, com sua oralidade, traz essa consciência de identidade", ressalta o idealizador.