Além de fonte de conhecimento e bem-estar, as atividades culturais também colaboram na redução do estresse e da ansiedade. Pelo menos foi o que 53% dos brasileiros responderam na pesquisa Hábitos Culturais III, realizada pelo Datafolha em conjunto com o Itaú Cultural. Os dados do levantamento foram divulgados nesta quinta-feira (25).
No total, 2240 pessoas, de 16 a 65 anos e de diferentes regiões do país, foram entrevistadas no período de 2 de junho a 7 de julho deste ano. Para 48% dos respondentes, ações online de cultura contribuíram para melhorar a qualidade de vida – eram 44% em 2021. Por sua vez, o índice declarado de satisfação com atividades culturais aumentou e ficou em 60%. O aumento foi de 15 pontos percentuais em relação ao ano passado.
Outras categorias ganham destaque no mapeamento. A sensação de diminuição de solidão, por exemplo, também foi percebida por quem teve acesso a atividades culturais online (53% agora ante 49% em 2021), bem como a redução da sensação de tristeza (54% agora contra 51% no levantamento anterior).
Assistir a filmes é a atividade cultural que mais proporciona bem-estar, de acordo com 25% da amostra, seguida por assistir a séries (16%), ouvir música (13%), jogar vídeo game (8%), assistir a vídeos no YouTube (7%) e ler livros (7%).
Do outro lado da moeda, entre as ações presenciais que mais contribuíram para a saúde mental, a prática de esportes ocupa a primeira colocação para 57% dos entrevistados. Praia, piscina e zoológico vêm em seguida, na menção de 35% da amostra. Já as atividades culturais ocupam a terceira posição nos atos presenciais que produzem bem-estar, com 28% das menções.
Quanto pagamos para a cultura?
E quanto aos gastos com cultura? Quanto os brasileiros pagam para ter acesso a esse tipo de bem? Conforme a pesquisa, o gasto médio é de R$178 mensais com atividades culturais presenciais. Já o gasto médio mensal com atividades culturais online é menor, de R$128,38.
Considerando a base total dos 2.240 entrevistados, 8% disseram dispender R$50 por mês com atividades culturais presenciais. Para 12%, os gastos mensais nesta modalidade variam de R$51 a R$100 por mês. Os que gastam de R$151 a R$200 mensalmente em ações assim representam 8% da amostra. Apenas 1% gasta de R$201 a 250 e 5% gastam acima de R$301 ao mês com cultura.
Sob esse mesmo recorte, os gastos mensais com atividades presenciais de cultura são maiores no Sul do país (R$189,06), seguidos por Sudeste (R$183,43), Norte e Centro-oeste (R$179,11) e Nordeste (R$160,48).
No caso das atividades online, considerando as respostas da amostra total da pesquisa, 15% disseram gastar até R$ 50 por mês. O cardápio inclui plataformas de streaming e compra de filmes e séries. O maior gasto médio mensal com esse tipo de atividade ocorre nas regiões Norte e Centro-oeste (R$159,18). Na sequência estão Sudeste (R$132,86), Sul (R$122,74) e Nordeste (R$102,93).
Presencial é melhor
Após mais de dois anos da pandemia de Covid-19, cresceu o interesse dos brasileiros pela participação em eventos culturais presenciais, em detrimento dos oferecidos em plataformas online. No caso de shows musicais, 72% dos entrevistados disseram que dariam preferência à experiência presencial. Em 2021, o índice era de 62%. Os que optariam pelo online somaram 19%, em contraposição aos 32% verificados em 2021.
Os espetáculos de circo, teatro e dança seguem a mesma tendência: 73% disseram que dariam preferência à fruição presencial (eram 64% em 2021) e apenas 24% optariam pelos eventos online (eram 32% em 2021). Segundo a pesquisa Itaú Cultural/Datafolha, 30% do público disse que a razão da preferência pelas atividades culturais presenciais se deve à oportunidade de travar contato com outras pessoas – em 2021, o índice era de 37%.
Os entrevistados também apontaram maior emoção (13%, mesmo índice da pesquisa anterior), prender mais a atenção (12% ante 8% em 2021) e poder sair da frente do computador (7% agora ante 10% em 2021) como razões da preferência pelos eventos presenciais.
Ainda assim, mesmo com o arrefecimento da pandemia, a maioria dos brasileiros ainda não retomou por completo a rotina de atividades culturais no país, sejam presenciais ou virtuais. O levantamento mostra que 62% dos indivíduos estão realizando atividades de cultura e de lazer em frequência menor que antes do período pandêmico. O hábito de ir ao cinema, por exemplo, foi um dos mais afetados pela queda de frequência.
Na pesquisa realizada em 2021 pelo Itaú Cultural e Datafolha, 59% declararam ter ido ao cinema antes da pandemia. O levantamento feito agora mostra que apenas 26% foram ao cinema nos últimos 12 meses.
Sob outro espectro, registraram aumento de frequência nos últimos 12 meses atividades como ouvir podcasts – um hábito de 32% antes da pandemia e passou a constar do cardápio de atividades culturais de 42% dos entrevistados. Os webinares também avançaram. A atividade havia sido realizada por 19% antes da pandemia e chegou a 25% da amostra nos últimos 12 meses.