Aos 80 anos, Rodger Rogério brilha ao interpretar novo personagem no cinema

Artista cearense é destaque em “Oeste Outra Vez”, filme goiano exibido na competição do 52º Festival de Cinema de Gramado

O ator e cantor cearense Rodger Rogério passou pelo tapete vermelho do Palácio dos Festivais, na serra gaúcha, para apresentar seu novo trabalho durante o 52º Festival de Cinema de Gramado. Em “Oeste Outra Vez”, longa-metragem goiano dirigido por Erico Rassi, Rogério interpreta Jerominho, um capanga contratado pelo protagonista (Ângelo Antônio) para resolver questões afetivas com um rival.

A performance, que foi elogiada pela imprensa especializada por potencializar a dimensão dramática e complexa do personagem, pode render a Rogério o seu primeiro Troféu Kikito na noite de sábado (17), quando serão anunciados os vencedores do festival. O filme também traz no elenco nomes como Antônio Pitanga e Babu Santana.

Em conversa com o Verso, Rogério reconheceu a oportunidade de trabalhar em um projeto, que experimenta uma imersão no formato de faroeste, ao lado de outros atores renomados. “Uma coisa que deu certo foi o encontro com os atores que eu contracenei. Parecia que a gente já se conhecia, já que o ritmo das cenas rolava com tranquilidade e naturalidade. Foi muito bom contracenar com essa rapaziada”, conta.

“Oeste Outra Vez” acompanha um grupo de homens que vive em uma região isolada no interior de Goiás e que são constantemente abandonados pelas mulheres que amam. O roteiro busca discutir a fragilidade das masculinidades em contraponto com as violências que os personagens encontram pelo caminho.

“Eles parecem ser uma derivação de um mesmo personagem, mas cada um deles tem algum tipo de especificidade e características próprias, e eles também não conseguem entender que estão sendo abandonados como resultado do próprio comportamento. O ambiente que eles vivem, nesse universo bastante masculino, não oferece nenhum tipo de referência diferente para que eles possam se analisar e, de alguma forma, mudar esse jeito de agir, esse jeito violento”, define o diretor e roteirista Erico Rassi.

Reconhecimento

Esse é o segundo filme que Rogério realizou fora do Ceará, sendo o primeiro o pernambucano “Bacurau” (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliana Dornelles, que foi um sucesso nacional e internacional. O ator define “Oeste Outra Vez” como um recorte de um Brasil cheio de feridas, cujo roteiro oferecia um material rico para a construção dos personagens.

“Sobre o personagem, na realidade eu não era nenhum estreante. Já fiz mais de 30 filmes, entre curtas e longas, e nunca me deram a visibilidade para que eu pudesse ser reconhecido aqui ou acolá. E esses meninos me encontraram e resolveram experimentar, ver se a experiência dava certo, então como eu tenho sorte, passei a trabalhar, a conhecer e a me afeiçoar a essa turma tão amiga. Eu só tenho a agradecer”, afirma.

Rassi conta que escreveu o papel originalmente para o ator Nelson Xavier, que tinha trabalhado com ele no filme “Comeback” (2016), mas que faleceu entre um filme e outro. A busca por um novo nome levou tempo até chegar apropriadamente ao de Rodger Rogério.

“Começamos uma pesquisa de elenco que foi se expandindo porque eu não achava ninguém que eu sentia que poderia desempenhar esse papel, até que a minha produtora de cast me mostrou o Rodger. E aí meu instinto começou a gritar: é esse o cara!”. Então, eu resolvi fazer uma espécie de salto de fé, apostar, e ele retribuiu a minha confiança com esse desempenho formidável no filme”, conta o diretor.

Rogério lembra que o seu primeiro protagonista no cinema foi em “Cine Tapuia: Cordel, Audiovisual, Musical, Estradeiro e Popular Brasileiro” (2006), longa-metragem dirigido pelo cearense Rosemberg Cariry. “Eu não tenho agente, então eu espero que as pessoas me convidem. Foi assim que começou e assim tem sido. Mas eu sou um camarada de sorte por conhecer pessoas tão boas e pessoas maravilhosas que eu encontrei no cinema e que me ajudaram muito”, finalizou o ator.

*Colaboração especial para o Verso do Festival de Gramado