Os indígenas que desapareceram na região de Aracaçá, Terra Indígena Yanomami, em Roraima, foram encontrados em outra localidade, distante da comunidade em que residiam. A informação foi revelada pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi), Júnior Hekurari Yanomami, em depoimento à Polícia Federal na quinta-feira (5). As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
A aldeia onde viviam os povos tradicionais foi encontrada queimada e vazia, na última semana de abril, durante uma diligência da corporação, que investiga o suposto estupro e assassinato de uma menina ianomâni, de 12 anos, e o desaparecimento de uma criança de 3 anos, após cair em um rio.
Conforme o relato de Hekurari à PF, os indígenas que residiam na região de Aracaçá se mudaram para outros locais da reserva Yanomami, sendo que parte deles vivem agora em uma comunidade chamada Palimiú.
'Cadê os Yanomami?'
O desaparecimento do grupo ganhou repercussão nas redes sociais, nesta semana, com a campanha 'Cadê os Yanomami?'. O questionamento foi feito por diversos internautas e famosos, após a informação sobre o sumiço dos povos tradicionais de Aracaçá ser divulgada por Hekurari.
Conforme a denúncia realizada pelo presidente do Condisi, em 25 de abril, e publicada nas redes sociais, relatos recebidos por ele indicavam que uma garota de 12 anos foi estuprada e morta durante um ataque realizado por garimpeiros ilegais à comunidade.
Segundo ele, na ocasião, uma tia da vítima tentou salvá-la e, durante o resgate, a filha dela, de 3 anos, caiu no rio e desapareceu. As declarações do representante foram baseadas em informações recebidas por ele através de rádio de pessoas da região. As informações foram comunicadas ao Ministério Público Federal, à Fundação Nacional do Índio (Funai) e à PF no dia seguinte a divulgação da denúncia, 26 de abril, conforme o portal g1.
A menina, segundo Júnior Hekurari Yanomami, morava na comunidade Aracaçá, região de Waikás, localidade que registrou o maior avanço da exploração ilegal, segundo o relatório "Yanomami sob ataque", da Hutukara Associação Yanomami (HAY).
Investigações
Após receber a denúncia do caso, a Polícia Federal e o MPF organizaram uma comitiva com representantes dos órgãos e também da Funai e foram até Waikás e Aracaçá nos dias 27 e 28 de abril. O presidente da Condisi também acompanhou a equipe.
No primeiro dia, o grupo foi a Waikás e, segundo Hekurari, o helicóptero pousou em um local usado por garimpeiros. Nele, encontraram cerca de sete indígenas, que se recusaram a falar muito sobre o caso. Conforme informações divulgadas pelo conselho na última sexta-feira (29), os indígenas relataram haver recebido 0,5 gramas de ouro para manter o silêncio.
No dia 28 de abril, a comitiva retornou à região e foi até a aldeia Aracaçá, onde encontrou as casas queimadas e vazias.
Em nota conjunta, a PF, o MPF e a Funai informaram, no mesmo dia, não ter encontrado vestígios que indicassem os crimes de estupro e homicídio, assim como da morte da outra criança que teria desaparecido no rio. No comunicado, eles ainda declararam que seguem com a apuração, pois as "diligências demonstraram a necessidade de aprofundamento da investigação, para melhor esclarecimento dos fatos".
Líderes consultados pelo Condisi informaram ser comum que esses povos queimem e evacuem o local onde moram se algum parente morre.
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