Dois casos de 'varíola dos macacos' foram identificados nesta quinta-feira (23), no Rio de Janeiro, em pacientes que nem retornaram do exterior recentemente, nem tiveram contato com ninguém vindo de outro país.
Os casos se juntam aos três divulgados também nesta quinta pelo Ministério da Saúde, que afirmou que três das pessoas infectadas em São Paulo contraíram o vírus no Brasil. Informações foram divulgadas pelo O Globo. Isso significa o início da transmissão comunitária da doença no País.
Com os novos casos, o total de diagnósticos para a infecção do vírus monkeypox no Brasil chega a 16 nesta sexta-feira (24).
Até o momento, além do Rio e de São Paulo, foram confirmadas infecções no Rio Grande do Sul.
Controle "mais fácil"
De acordo com os especialistas ouvidos pelo O Globo, diferentemente da Covid-19, a 'varíola dos macacos' é mais fácil de rastrear porque a transmissão acontece, principalmente, por pessoas sintomáticas.
"E tem essas bolhas que são mais visíveis, o que torna mais fácil de identificar e isolar os casos, que é a medida mais importante", disse a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
No entanto, Maciel alerta que as autoridades sanitárias devem comunicar melhor a situação à população. "Parece que é algo menor, que não tem problema, que não está aqui entre nós", reclama a professora universitária.
Contaminação
O médico geneticista Salmo Raskin, diretor de um laboratório em Curitiba, ressalta que a doença tem risco menor de contaminação.
"Praticamente todos os casos detectados desse surto são de transmissão de homens que fazem sexo com outros homens. A taxa de disseminação na população geral não é tal alta como com a Covid-19. Então, esse público precisa ser o foco da comunicação [governamental], mas não de forma discriminatória", comentou o especialista ao O Globo.
Segundo Raskin, a tendência é que os casos, eventualmente, comecem a diminuir.
Quais são os sintomas da 'varíola dos macacos'?
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sintomas da infecção duram entre duas e quatro semanas, mas desaparecem por conta própria, sem tratamento. A orientação é que as pessoas com os sinais descritos abaixo procurem orientação médica e comuniquem possível contato com alguém infectado. Veja os sintomas:
- Febre;
- Dores de cabeça intensa, musculares e/ ou nas costas;
- Baixa energia;
- Linfonodos inchados;
- Erupções cutâneas ou lesões.
Geralmente, a erupção se apresenta de um a três dias após o início da febre. As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, cheias de líquido claro ou amarelado, podendo formar crostas, secar e cair.
Segundo o órgão, o número de lesões em uma pessoa pode variar de alguns a milhares. A erupção tende a se concentrar no rosto, palmas das mãos e solas dos pés. Eles também podem ser encontrados na boca, genitais e olhos.