O bebê de um ano e oito meses que sofreu ferimentos e foi o único sobrevivente no ataque à creche de Saudades, em Santa Catarina, recebeu alta médica nesse domingo (9). Ele estava internado no Hospital da Criança de Chapecó (HC) desde a última terça-feira (4), quando um homem de 18 anos invadiu a Escola Municipal Infantil Pró-Infância Aquarela e desferiu golpes de facão em professoras e alunos.
Com ferimentos na bochecha, lábios, barriga e uma perfuração em um pulmão, o garoto precisou ser transferido de helicóptero no mesmo dia para o Hospital Regional do Oeste, em Chapecó. Na quarta-feira (5), recebeu alta do leito de terapia de intensiva e foi remanejado para uma enfermaria.
Após estabilidade no quadro de saúde, a criança foi transferida novamente, desta vez para o HC, na mesma cidade. "Ele não chorava, não tinha reação nenhuma, estava pálido, assustado. Mas a boca dele borbulhava, só depois fui saber que era porque o pulmão dele tinha sido perfurado", disse a professora Aline Biazebetti, 27, que socorreu a criança da escola ao pronto-socorro.
A mãe do garoto, Adriana Martins, agradeceu em uma rede social pela recuperação de seu filho e disse que ele teve um "segundo nascimento".
"Dia das mães. Dia mais feliz da minha vida. [...] Foi um milagre, Deus o protegeu, me devolveu com vida, hoje tenho em meus braços o presente que dinheiro nenhum pode pagar. A palavra é gratidão hoje e sempre é agradecer, agradecer e agradecer a Deus e a todos que não mediram esforços para salvá-lo. Agradecer pelas orações, as palavras de conforto, que Deus abençoe a cada um e console a todas as famílias. Feliz dia das Mães com todo amor e carinho", escreveu a mãe.
Violência em série
A Escola Municipal Infantil Pró-Infância Aquarela atendia crianças na faixa etária do chamado berçário, de 0 a 3 anos. Pelo plano de contingência do município, durante a pandemia do novo coronavírus, havia cerca de 50% do público normal no local.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública de Santa Catarina, Fabiano Kipper Mai, 18, autor da chacina, ctentou suicídio após o ataque, mas foi interrompido pelos policiais. O homem foi levado ao Hospital Regional do Oeste, passou por uma cirurgia e não corre risco de morte.
Durante o ato criminoso, ele tentou entrar em outros locais da escola, mas as professoras trancaram as salas com as crianças dentro e o impediram. Quando foi capturado, desferiu golpes contra ele mesmo.
O Instituto Geral de Perícias (IGP) afirmou, em coletiva de imprensa, que o adolescente entrou com duas facas na escola, mas só usou uma. Todas as vítimas receberam pelo menos cinco golpes.
Vítimas
Além da professora Keli Adriane Aniecevski, 30, e da agente educativa Mirla Amanda Renner Costa, 20, três crianças não resistiram aos ferimentos: Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses; Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses; e Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.
A defesa de Kipper Mai pediu à Justiça um exame para avaliar sua sanidade mental. Se for constatado que o homem estava consciente no momento do crime, ele será julgado pelo Tribunal do Júri.
No entanto, caso o exame aponte que ele não pode responder por seus atos, em vez de uma condenação penal pode ser aplicada uma medida de segurança, com internação para tratamento.