Uma sessão de júri foi adiada em Belo Horizonte (MG) após um promotor de Justiça chamar uma advogada de "galinha garnisé". Francisco Santiago, do Ministério Público de Minas Gerais, ainda falou que a profissional faria um striptease. O caso aconteceu durante audiência dia 26 de março, mas só ganhou repercussão nesta quarta-feira (3), após a advogada divulgar imagens do ocorrido.
As informações são da CBN. Os réus são acusados de envolvimento em um homicídio. Conforme a ata da reunião da sessão de julgamento, o desentendimento começou depois da fase de réplicas e tréplicas. De acordo com o documento, após a discussão, a juíza Marcela Oliveira de Moura adiou o julgamento para o dia 5 de junho.
Sarah Quinetti, a advogada xingada pelo promotor, disse ter percebido um tratamento diferente entre ela e os advogados homens desde o início do júri.
"Eram quatro advogados homens para um réu, e somente eu para o meu cliente. No momento em que ele começou a extrapolar, eu reparei que ele me interrompeu em uma técnica da defesa. Eu respondi e ele me chamou de galinha, histérica e disse que era uma histeria desgraçada, neurótica. Eu falei com o doutor que estava ao meu lado para a gente trocar de beca, que talvez assim o promotor ia me respeitar porque eu estava vendo que estava tendo uma diferença de homem e mulher. Eu tirei minha beca para trocar com o doutor, e o promotor disse eu ia fazer um strip-tease", relatou à CBN.
Pedido de afastamento
Após o caso, representantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) protocolaram uma reclamação disciplinar contra o promotor Francisco Santiago. Eles solicitaram a apuração dos fatos e o afastamento cautelar do promotor, visando impedir que outras advogadas sejam ofendidas da mesma forma.
Na peça, os representantes do CNMP afirmaram que a postura do promotor "passa ao largo do que se considera socialmente aceitável".
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) afirmou que a Corregedoria-Geral não recebeu representação sobre a atuação de Francisco Santiago. O Conselho Nacional do Ministério Público e o promotor não se manifestaram.