Escolhido pelo governo Bolsonaro como novo presidente da Fundação Palmares, o jornalista Sérgio Camargo comunicou nesta quarta-feira (26) a quatro antigos funcionários da instituição que decidiu exonerá-los. Foram dispensados Sionei Leão, Kátia Cilene Martins, Clovis André Silva da Silva e Rogério Antônio Cóser, que tinham cargos de comando na casa.
Camargo ficou conhecido por ter sido uma escolha controversa para o cargo que ora ocupa, por causa de suas opiniões sobre o racismo no país e sobre o ativismo negro.
Autodefinido como "negro de direita", ele já afirmou, nas redes sociais, que o Brasil tem "racismo Nutella" e que "racismo real existe nos EUA". Camargo também escreveu que a escravidão foi terrível "mas benéfica para os descendentes" e que "negros do Brasil vivem melhor que os negros da África".
As opiniões de Camargo geraram reação da comunidade negra e mesmo dentro da ala mais moderada da Secretaria Especial da Cultura, crítica a sua nomeação. Ele foi nomeado pelo ex-secretário da Cultura Roberto Alvim em novembro. Em dezembro, a Justiça acatou uma ação civil que pedia a suspensão do ato, porém a decisão foi revertida recentemente no Superior Tribunal de Justiça.
Camargo tomou posse na semana passada, após o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, atendendo a pedido da AGU (Advocacia Geral da União), suspender a liminar da Justiça cearense que o impedia de assumir a presidência da Fundação Palmares.
Na decisão, Noronha afirmou que a decisão liminar causou "entraves ao exercício de atividade inerente ao Poder Executivo".
As recentes medidas de Camargo após ele assumir o cargo, porém, permanecem controversas, pois, embora amparado pela ultima decisão na Justiça, ele ainda não teve sua recondução ao cargo publicada no Diário Oficial da União.
Nos bastidores, está sendo dito que Regina Duarte, escolhida para chefiar a pasta da Cultura, à qual a Fundação Palmares é subordinada, não é favorável à nomeação de Camargo. O próprio ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, teria opinião contrária a essa escolha.
A recondução de Camargo ao cargo foi assinada por Hercy Abres Rodrigues Filho, chefe de gabinete do ministro. Em nota, a Fundação Palmares afirmou que "no direito que o cargo lhe confere", Camargo "trabalha para constituir equipe de sua confiança, não por quesitos de raça ou cor, mas por critérios técnicos e pela expertise dos selecionados."