Uma operação do Ministério Público Federal (MPF) e da Receita Federal prendeu, nesta quarta-feira (25), o empresário Glaidson Acácio dos Santos, dono da GAS Consultoria Bitcoin. Ele é suspeito de envolvimento em um esquema ilegal de pirâmide financeira com promessas de investimentos em bitcoins. As informações são do UOL.
Na inciativa, a Polícia Federal ainda realizou a maior apreensão da história de criptomoedas. Segundo a corporação, R$ 150 milhões em criptoativos foram apreendidos pelos agentes federais, que serão liquidados e ficarão à disposição da justiça.
A ação desta quarta integra a Operação Kryotos, que cumpre dois mandados de prisão temporária, sete mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nos estados do Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal (DF).
Conforme o portal G1, a 3ª Vara Federal Criminal do Rio expediu os mandados da operação, que também conta com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPF) e a Procuradoria de Fazenda Nacional.
Além de Glaidson, Tunay Pereira foi preso no Aeroporto de Guarulhos (SP) tentando fugir para Punta Cana, na República Dominicana. Outro operador foi preso em Cabo Frio (RJ).
A operação intenta desarticular organização criminosa responsável por fraudes bilionárias em torno de criptomoedas. Na ação, foram apreendidos, também, R$ 20 milhões e barras de ouro, R$ 15 milhões em espécie, além de 21 veículos de luxo, relógios de alto padrão, joias, valores em moeda estrangeira e documentos.
Os investigados podem responder pelos crimes de emissão ilegal de valores mobiliários sem registro prévio, instituição financeira clandestina, lavagem de capitais e organização criminosa. A pena, caso sejam condenados, pode chegar a 26 anos de reclusão.
GAS Consultoria Bitcoin
A sede da empresa de Glaidson Acácio dos Santos, apontada como responsável pela prática do esquema de pirâmide, fica localizada na Região dos Lagos, no Rio, apelidada de "Novo Egito" devido ao grande número de golpes do tipo pirâmide financeira. Muitos investidores eram de Cabo Frio, município localizado na região.
A PF indica que havia oferta pública de contrato de investimento, porém sem registro junto a órgãos que fazem a regulação do mercado de criptomoedas.
A investigação aponta que, para conseguir convencer a clientela, havia uma previsão de "insustentável retorno financeiro" sobre o valor investido: a companhia de Glaidson prometia reverter investimentos com bitcoins em lucros de 10% ao mês.
A GAS Bitcoin, porém, não aplicava os aportes em criptomoedas, conforme a força-tarefa. Segundo o portal G1, a companhia não tinha site ou perfis nas redes sociais, e o telefone fornecido, disponível na Receita Federal, não funcionava.
A movimentação financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou, nos últimos seis anos, cifras bilionárias. Aproximadamente 50% dessa movimentação se deu nos últimos 12 meses, conforme a Polícia Federal.
Além da GAS, pelo menos dez empresas que oferecem investimentos com lucro alto e rápido são investigadas, segundo o G1.
Trabalho de garçom
De acordo com o G1, Glaidson Acácio dos Santos trabalhou até 2014 como garçom, ganhando pouco mais de R$ 800 por mês até 2014, conforme registro do Ministério do Trabalho.
O empresário fez, em fevereiro deste ano, festa de aniversário com direito a show do cantor João Gabriel. Dois meses depois, mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em um helicóptero. A quantia, dividida em três malas, seria levada para São Paulo por um casal que trabalhava para a GAS Consultoria Bitcoin.
Em depoimento à Polícia, Glaidson negou negociar criptomoedas, alegando trabalhar com “inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares”. Aos clientes, porém, ele dizia investir no ramo de criptomoedas havia nove anos.