Para que serve a pedra da vesícula de boi? Entenda onda de roubos do produto

As pedras são vendidas principalmente a países asiáticos e foram tema de reportagem do "Fantástico"

Crime ainda pouco conhecido, o roubo de pedras da vesícula de boi foi tema da reportagem especial do Fantástico, da TV Globo, desse domingo (21). Vendido para países asiáticos, o produto envolve um mercado mundial de R$ 1,5 bilhão, despertando o interesse de criminosos. 

As pedras são geradas dentro das vesículas de bois e vacas, e valem mais do que os cortes de carne mais nobres. Em alguns casos, o produto pode chegar a R$ 1.000 o grama, valor três vezes maior que o preço da grama de ouro.

Dentro do mercado formal para comercialização desses cálculos biliares no Brasil, existem empresas regularmente constituídas que compram esse material e o exportam. Investigações apontam, no entanto, que uma onda de assaltos no interior de São Paulo teve início em setembro de 2023. 

Segundo a reportagem do Fantástico, em um dos assaltos cometidos no ano passado, criminosos levaram pelo menos R$ 2 milhões em pedras de vesícula de bois. Três meses depois, outro roubo aconteceu em Barretos. Na última semana, o mesmo crime aconteceu em São João da Boa Vista. Segundo a investigação, a dupla de ladrões era a mesma que invadiu o imóvel em Barretos. 

Pedras são usadas em medicina tradicional

As pedras são muito valiosas porque são usadas em preparos da medicina tradicional de vários países do leste da Ásia, sendo a China a principal compradora. Japão e Coreia também fazem uso do produto. 

"Essas pedras são muito famosas em remédios naturais coreanos. São um dos ingredientes mais caros. Nós usamos pra derrames, pra doenças do coração. E também como sedativo, pra ansiedade e insônia", explicou o médico Dongwoo Nam ao Fantástico. 

Ainda conforme o médico, que trabalha na Coreia do Sul, a alta procura pelas pedras gera a falta do produto no mercado. "As pedras de boi andam em falta. E são cada vez mais raras, porque o gado hoje é abatido mais jovem, mal dá tempo de formar as pedras. E, do pouco que tem, a China compra quase tudo", afirmou.