Presa há 86 dias no Instituto Penal Ismael Silveiro, em Niterói, Rio de Janeiro, a professora Monique Medeiros da Costa disse, em entrevista ao jornal O Globo na segunda-feira (5), que se arrepende de ter morado com o ex-companheiro, o médico e ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, e que provará sua inocência. O casal é réu pelos crimes de tortura e homicídio triplamente qualificado contra o menino Henry Borel de Almeida, de 4 anos.
Dividindo uma cela de oito metros quadrados na instituição penal com uma mãe acusada de maus-tratos, Monique define os quase três meses de confinamento como "muito difíceis".
"Sinto é que minha vida foi completamente destruída — não só a liberdade, mas perdi também meu bem maior, o meu amor, o meu filho", disse ao O Globo.
Na entrevista à reportagem da publicação, a mãe de Henry revela estar arrependida por ter divido o apartamento 203, do bloco I, do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, na Zona Oeste do Rio com Dr. Jairinho. A criança foi agredida no quarto de casal do imóvel na madrugada do dia 8 de março.
"Me arrependo muito principalmente de ter colocado alguém dentro da minha casa sem prever que ele poderia fazer algum tipo de mal. Moramos somente dois meses juntos, mas foi o tempo suficiente para ele ter acabado com o meu mundo"
Monique a e Dr. Jairinho se conheceram em agosto de 2020, dois meses depois Henry foi apresentado ao então companheiro da mãe. Na ocasião, um almoço em um restaurante, o menino teria abraçado o político e desde então "não parou mais de falar seu nome", lembrou a professora. Os dois foram morar juntos em janeiro deste ano.
Logo depois, o ex-vereador começou a apresentar reclamações sobre a criança, segundo Monique. Dr. Jairinho se incomodava por que Henry não conseguia dormir sozinho no quarto e o chamava de "mimado". "Passamos a brigar por isso e também pelo ciúmes excessivos dele, que queria controlar minhas redes sociais e meu celular".
Em depoimento, a babá de Henry Borel, Thayná Oliveira, disse que não viu as agressões do político contra o menino, mas soube que ocorriam, pelo menos, duas vezes por semana. Em uma das ocasiões, a profissional chegou a avisar Monique sobre a violência contra a criança. Mas, ao O Globo, a professora negou que soubesse das agressões cometidas pelo ex-companheiro contra o filho.
"Em momento algum tive conhecimento de que o Henry estava sendo agredido ou sofrendo algum tipo de tortura psicológica por parte dele. Eu, como professora e diretora de escola, já encaminhei diversas denúncias de maus-tratos ao Conselho Tutelar e, por isso, sabia que o primeiro passo era ter a violência atestada por um profissional médico. No dia seguinte ao Henry e a babá terem me ligado quando estava no salão, eu o levei ao hospital, mas nenhuma lesão foi identificada. Ele era muito branquinho, eu nunca vi nenhum hematoma, nenhum machucado", relatou.
Inicialmente, Monique e Dr. Jairinho sustentaram a versão de que a criança teria se machucado e morrido ao cair da cama sozinho. Sobre isso, ela disse que só se deu conta de que o ex-companheiro teria torturado o filho quando foi presa, em 8 de abril.
"Depois de saber de tantas agressões, vejo que meu filho foi a primeira vítima fatal dele. Infelizmente, o Henry precisou morrer para que todas essas torturas fossem reveladas e que as mulheres tivessem coragem de denunciar. Agora, eu acredito que a Justiça vai ser feita e que eu vou conseguir provar a minha inocência. Mas sei também que viverei num luto eterno, porque mesmo que haja Justiça, meu filho não vai mais voltar"