Mesmo com a recente alta de contaminações e de mortes pela Covid-19 no Brasil, cada vez menos pessoas se dizem em isolamento, aponta pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, o número chegou em dezembro ao menor nível desde abril, quando o instituto começou a fazer essa pergunta.
Em dezembro, 7% dos entrevistados disseram que estão vivendo normalmente, sem mudar em nada sua rotina, e 54% afirmaram que estão tomando cuidado, mas saem de casa para trabalhar ou fazer outras atividades. Em 3 de abril, no começo da pandemia, esses números eram de 4% e 24%, respectivamente.
Já os que se disseram completamente isolados em dezembro foram 5% dos entrevistados. O recorde havia sido de 21% em 17 de abril. E os que dizem que só saem de casa quando é inevitável, hoje em 34%, haviam chegado a 54% no começo de abril.
Os níveis de isolamento aferidos pelo Datafolha começam a cair a partir de maio, mesmo antes de a pandemia atingir sua pior fase no Brasil.
Isso coincide com a abertura que estados e prefeituras promoveram, relaxando as medidas de contenção do vírus e autorizando a reabertura de comércios e serviços não essenciais, de modo que as pessoas tiveram que voltar a sair de casa para trabalhar presencialmente.
Em São Paulo, por exemplo, o governador João Doria (PSDB) autorizou a reabertura de shoppings no começo de junho, antes de o estado atingir a pior fase da doença (o que ocorreu em julho), e antes mesmo de outros locais como parques, onde a disseminação da doença é mais difícil por serem as atividades desenvolvidas neles ao ar livre.
A pesquisa Datafolha mostra que o isolamento varia muito conforme o gênero e a idade. Enquanto 50% das mulheres dizem que estão totalmente isoladas ou que só saem de casa quando é inevitável, essa proporção cai para 26% entre os homens.
Já entre pessoas com mais de 60 anos, esse número salta para 61%, ao passo que cai para 30% entre os que têm de 16 a 24 anos.
O isolamento é considerada a medida mais efetiva para frear o avanço da Covid-19, uma vez que o coronavírus é transmitido quando se entra em contato com secreções de outras pessoas contaminadas, como espirros ou mesmo como partículas de saliva comuns quando outras pessoas falam.
Uso de máscaras
Junto do isolamento, outra maneira eficiente de conter a doença é o uso de máscaras, que servem justamente como uma barreira para essas gotículas de saliva.
O Datafolha mostra que a maior parte dos entrevistados diz que sempre sai de casa com máscara (88%). Outros 8% dizem que usam máscaras somente às vezes, e 2% disseram que usam máscaras raramente.
Em todo o país, governadores baixaram decretos em que obrigam o uso de máscaras em ambientes públicos. Em São Paulo, por exemplo, quem for pego sem máscara pode tomar multa de R$ 524,59.
A pesquisa Datafolha foi feita entre 8 e 10 de dezembro com 2.016 brasileiros adultos em todas as regiões e estados do país, por telefone, com ligações para aparelhos celulares (usados por 90% da população). A margem de erro é de dois pontos percentuais em ambas as direções.