O venezuelano Marcelo Caraballo, de 21 anos, foi assassinado pelo proprietário da casa onde residia em Mauá, Interior de São Paulo, por dever R$ 100 de aluguel. O suspeito foi detido na terça-feira (8). As informações são do jornal O Globo.
À Polícia, a família do jovem relatou que o suspeito teria ido até o endereço cobrar o valor atrasado referente a locação do imóvel, na última quinta-feira (3), e os dois teriam discutido. Em seguida, o proprietário teria saído do local, retornando portando uma arma de fogo e disparou contra o jovem.
Caraballo era pai de quatro filhos e morava na casa com a esposa, a mãe e um irmão, todos venezuelanos. A residência ficava no mesmo terreno que a do proprietário, que fugiu após atirar contra a vítima. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas encontrou o homem sem vida.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o autor do crime foi identificado e teve a prisão preventiva decretada, sendo detido na terça-feira. Ainda segundo a pasta, agentes do 1º DP de Mauá trabalham agora para finalizar o inquérito e relatá-lo ao Judiciário.
Com medo, a família deixou o local e foi acolhida por um vizinho. Conforme o jornal, eles não possuem renda e dependem de doações.
Caraballo residia há oito meses no local, que faz parte de uma ocupação em Mauá, e desembolsava R$ 500 para o aluguel. No entanto, em janeiro, só conseguiu pagar R$ 400. A ausência dos R$ 100 foi o motivo do desentendimento entre o jovem e o suspeito.
'Racismo' e 'xenofobia'
Movimentos sociais solicitam que a Justiça considere o caso como mais um exemplo de xenofobia, e o comparam com o homicídio do refugiado congolês Moïse Kabagambe, de 24 anos, morto por espancamento no Rio de Janeiro, após supostamente cobrar parte do salário atrasado ao chefe em janeiro deste ano.
"No passado final de semana, enquanto nos mobilizávamos pela morte do Moïse, aconteceu outro crime de xenofobia e racismo que acabou com a vida de Marcelo, migrante venezuelano que morava em Mauá (SP). Uma e outra vez gritamos: BASTA DE XENOFOBIA, BASTA DE RACISMO! Exigimos justiça para o Marcelo e para todas as pessoas migrantes e refugiadas que perdem a vida nesse país por causa da intolerância e a falta de respeito à diversidade!", declarou em uma publicação o grupo de mulheres voluntárias que atua na defesa dos direitos humanos e no combate à violência e discriminação, chamado Base Warmis.
Conforme integrantes do movimento, uma rede de coletivos está acompanhando o caso com a família e organiza uma campanha de doações, além de uma vigília.