Uma idosa, identificada como Josefa Figueira da Silva, de 69 anos, foi cremada por engano no Rio de Janeiro, após o hospital trocar o corpo dela com o de outra paciente. As informações são do portal de notícias UOL.
A idosa morreu no último sábado (25), no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla. No entanto, dois dias depois, Ana Paula Figueira foi reconhecer o corpo da mãe e descobriu que ela já havia sido cremada por outra família.
"Fui reconhecer minha mãe e, chegando lá vi que não era ela. Minha mãe tinha pavor a fogo e jamais gostaria de ser cremada, nunca na vida dela. O enterro, que estava marcado para as 15h30, não aconteceu, e agora o hospital quer culpar uma senhorinha pelo reconhecimento", declarou Ana Paula ao UOL.
Segundo ela, o reconhecimento foi adiado para segunda-feira (27) porque o cartório não funciona no fim de semana.
Após muita espera, Ana Paula soube que o nome da mãe não constava no sistema e, por isso, foi levada para reconhecer o corpo de outra pessoa.
"Eles ficaram procurando o corpo de Josefa Ferreira, mas, como não encontraram, deram o corpo de dona Gecélia para mim. Os funcionários falavam 'Tem certeza que não é ela? Porque muda depois que morre'. Quando o corpo sumiu e me chamaram para reconhecer outro, de cara a gente disse que não era minha mãe", rememora a filha.
Tanto Josefa Figueira quanto Gecélia Barbosa, de 89 anos, morreram devido a complicações da Covid-19, conforme o UOL.
Em nota, a direção do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla disse lamentar profundamente o ocorrido e garantiu estar prestando toda assistência às duas famílias, oferecendo, inclusive, apoio psicológico.
O hospital ainda informou que Gecélia Barbosa morreu na sexta-feira (24), mas no dia seguinte, durante a liberação para sepultamento, o corpo de Josefa foi apresentado à filha da paciente e por esta foi "reconhecido".
'Negligências absurdas'
A família de Gecélia, por sua vez, contesta essa versão. A filha da idosa, Jorgina Barbosa, de 72 anos, viajou de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro para reconhecer o corpo da mãe e cremá-la, tal como era o seu desejo.
Segundo Jorgina, nem ela nem a filha, neta de Gecélia, puderam propriamente vê-la no dia do reconhecimento.
A advogada de defesa da família Barbosa, Sumaya Portilho, detalhou que o maqueiro do hospital entregou o corpo diretamente para um funcionário da funerária, dizendo ser Gecélia.
Apesar de Jorgina pedir para ver o corpo da mãe, o profissional abriu somente uma brecha de 10 a 15 centímetros do saco que o envolvia, pedindo que a confirmação fosse realizada à distância, pois o óbito estava associado à Covid-19.
"Isso é inadmissível. Uma senhora fez uma viagem para reconhecer a mãe, teve menos de um minuto para fazer essa identificação com um fecho de 10 a 15 centímetros. É uma sucessão de erros, de negligências absurdas. Tanto o hospital quanto a funerária que recebeu o corpo de dona Josefa por engano são responsáveis. O problema só não foi maior porque a outra funerária decidiu abrir todo o saco e Ana Paula viu que aquela não era sua mãe. Se não fosse isso, ela também teria enterrado a pessoa errada", criticou a advogada.
Liberação e investigação
A família Barbosa agora aguarda a liberação do hospital para finalmente cremar o verdadeiro corpo de Gecélia Barbosa.
O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla informou que abriu sindicância para apurar as falhas e responsabilidades no processo.
O caso está sendo investigado no 39º Distrito Policial. "Funcionários do hospital e da funerária serão ouvidos para esclarecer os fatos", acrescentou a Polícia Civil.