A Polícia Civil do Paraná investiga a morte do vendedor David Luiz Porto Santos, 33, que passou mal e veio a óbito após ser anestesiado enquanto fazia uma tatuagem no braço esquerdo, em Curitiba.
Segundo o jornal Extra, o caso aconteceu em 2021, mas só repercutiu recentemente, depois de a viúva, Monike Caroline de Freitas, prestar depoimento à Polícia na última semana. No relato, ela contestou a versão apresentada pelo tatuador, José Manoel Vieira de Almeida, e alegou que foi usado um produto não autorizado no marido.
"A princípio, em um primeiro momento, o tatuador alegou que a vítima teria solicitado o anestésico para diminuir a dor. A esposa da vítima prestou depoimento e contestou a fala do suspeito, alegando que ele havia passado o produto sem autorização", disse a corporação.
A causa da morte de David foi dada como indeterminada, mas sugeriu "intoxicação exógena por lidocaína". Por causa disso, o tatuador deve voltar a ser ouvido pelos investigadores nos próximos dias.
Intoxicação
De acordo com o g1, para a esposa, o marido teve uma reação quase que imediata à lidocaína — substância anestésica usada no procedimento.
"Na hora que tava limpando o excesso [do anestésico], meu marido perguntou o que ele tinha passado e ele [tatuador] falou que era um anestésico. Depois, ele começou a passar mal. O tatuador falou: ‘Dá sal pra ele’. O outro rapaz que tava junto deu o sal e coloquei debaixo da língua do meu esposo. Meu marido só fazia assim [balançava a cabeça] que não tava bem. Botei a mão no peito dele e falei pro tatuador que ele tava com o peito acelerado", lembra a mulher.
Um vídeo ao qual a família teve acesso mostra David fazendo a tatuagem pouco antes de passar de mal e morrer.
Ao g1, a defesa do tatuador informou que aguarda o acesso a todas as informações dos autos para se manifestar.
Versões conflitantes
No primeiro depoimento à Polícia, o tatuador disse que aplicou a substância após pedido de David, que sentia dor durante o procedimento, o que foi negado pela esposa.
A substância aplicada no corpo do homem, conforme o g1, foi de uso tópico, em forma de spray, com dose de 20%. Contudo, segundo resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), a aplicação de anestesias pode ser feita apenas por categorias bem específicas de profissionais.
“É um caso inédito. Pelas circunstâncias, ele [tatuador] violou um dever de cuidado. Quando um profissional faz isso, ele assume risco”, afirmou o delegado.
A viúva relatou ainda que, antes de morrer, David teve várias reações, como pressão baixa, palidez, batimento cardíaco acelerado, fala embaralhada, veias dilatadas, perda de sentido e convulsão.
Crimes investigados
O delegado Wallace Brito, à frente do caso, contou ao g1 que, caso seja indiciado, o tatuador pode responder por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar.