Focos de incêndios se multiplicam na Amazônia, apesar de ofensiva

Satélite do Inpe registra aumento de incêndios na floresta, enquanto Forças Armadas tentam controlar as chamas

A Amazônia continua queimando, apesar dos esforços anunciados pelas autoridades para apagar o fogo. Os dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisa (Inpe) registram 82.285 focos de incêndio de janeiro até segunda passada (26), 51,9% do total na floresta.

O número marca um aumento de 1.650 focos de incêndio em comparação com o dia anterior e representa um aumento de 80% em relação a igual período de 2018.

O Governo Federal mobilizou um destacamento de mais de 2.500 soldados, centenas de veículos e 15 aeronaves, incluindo dois aviões-tanque Hércules C-130, para controlar as chamas em nove estados por onde a Floresta Amazônica se estende.

Porto Velho, capital de Rondônia, uma das cidades mais afetadas, acordou, nesta terça-feira, com o céu mais limpo graças a uma chuva de cerca de 10 minutos na tarde anterior. O aeroporto, que na segunda-feira ficou fechado por cerca de duas horas por causa da fumaça, funcionou normalmente.

Já o Amapá fez sua adesão ao decreto presidencial de Garantia da Lei da Ordem (GLO), o que significa, na prática, o emprego das Forças Armadas. Nesta terça-feira, o Exército apresentou, em Macapá, o plano de ação da operação Verde Brasil, que faz a prevenção e combate a focos de queimadas na Amazônia Legal. Entre as medidas estão treinamentos de soldados do Exército e ações educativas nas escolas e estradas do Estado.

Governadores

Longe das chamas, Brasília se movimentou, mais uma vez, em torno da crise ambiental. O presidente Jair Bolsonaro se reuniu, nesta terça-feira, com governadores da região amazônica - seis deles mais alinhados politicamente ao Palácio do Planalto, e outros três não. A adesão ao discurso do presidente contra as políticas ambiental e indigenista praticadas no País rachou o bloco.

O presidente usou o encontro com governadores para estimular o debate sobre a exploração mineral em terras indígenas. Ele também criticou a demarcação de terras indígenas. A partir de agora, as ações emergenciais de combate aos incêndios serão coordenadas com os governadores entre Amazônia Ocidental e Amazônica Oriental, seguindo critérios definidos militarmente, conforme proposta da Casa Civil, do ministro Onyx Lorenzoni, para as próximas reuniões de trabalho. Elas devem ocorrer até a próxima semana e incluir uma visita do ministro à Amazônia. Bolsonaro também estudar ir à região.

No lado ocidental, mais simpático ao presidente, ficaram os governadores e Estados ligados ao Comando Militar da Amazônia: Gladson Camelli (PP), do Acre, Wilson Lima (PSC), do Amazonas, Marcos Rocha (PSL), de Rondônia, Antônio Denarium (PSL), de Roraima, Mauro Mendes (DEM), de Mato Grosso, e Mauro Carlesse (DEM), do Tocantins. No oriental, vinculado ao Comando Militar do Norte, estão Waldez Góes (PDT), do Amapá, Flávio Dino (PCdoB) do Maranhão, e Helder Barbalho (MDB), do Pará.

França

No Congresso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), entrou, nesta terça-feira, na polêmica do seu pai com o presidente da França, Emmanuel Macron. O filho de Bolsonaro disse que o europeu é um "moleque" que teria se utilizado de informações falsas para atacar a soberania brasileira e melhorar sua popularidade entre o eleitorado francês.

Eduardo disse que países europeus "não têm a mínima moral para exigir de nós a preservação da Amazônia".