A Polícia Civil de Goiás prendeu uma odontóloga investigada por realizar procedimentos estéticos que resultaram em deformações nos rostos de pacientes. Um mandado de prisão preventiva foi cumprido nessa terça-feira (30). As informações foram divulgadas pela corporação goiana, que diz que a profissional foi ainda alvo de busca e apreensão em inquérito instaurado para apurar os crimes de exercício ilegal da profissão e execução de serviço de alta periculosidade.
Conforme a investigação, a profissional coordenava um instituto em Goiânia onde eram realizados procedimentos proibidos pelo Conselho Federal de Odontologia. O nome da dentista não foi divulgado pela Polícia, mas, conforme informações do G1, trata-se de Hellen Kacia Matias da Silva, que, com outros três dentistas, ofertava cirurgias plásticas por valores abaixo do mercado. Nas redes sociais, ela se apresenta como "referência em cirurgias faciais".
Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos municípios de Goiânia e Santa Bárbara de Goiás, em endereços ligados à investigada.
No celular utilizado pela clínica para falar com pacientes, os agentes da Polícia Civil encontraram conversas que indicam casos de consumidores que ficaram com rostos deformados após cirurgias realizadas com a profissional e/ou com os “alunos” dela.
A Polícia ouviu mais de 10 vítimas da dentista e ex-funcionários do instituto. Todos confirmaram a realização das cirurgias proibidas fora do ambiente hospitalar. "As pessoas ouvidas também relataram que a dentista não aceitava qualquer crítica ao seu trabalho, tratando os pacientes com descaso", afirmou a Polícia goiana.
"A apuração constatou que a dentista vendia abertamente as cirurgias em seu Instagram, que possui mais de 650 mil seguidores. Além disso, a investigada ministrava cursos para que outros profissionais da saúde executem tais cirurgias sob sua 'supervisão'", disse a Polícia.
Ainda segundo a Polícia, foram encontrados diversos instrumentos cirúrgicos, anestésicos e medicamentos vencidos na clínica da profissional. "Os materiais foram apreendidos e descartados pela Vigilância Sanitária, que também autuou a dentista por infrações administrativas, dentre elas, a inadequação do alvará sanitário do estabelecimento, que não autorizava a realização de nenhum procedimento invasivo", informou a corporação.
Ao G1, a defesa da dentista declarou que só vai se manifestar quando tiver acesso aos autos do inquérito policial.
Em nota, o Conselho Regional de Odontologia disse que "medidas administrativas pertinentes estão sendo tomadas, obedecendo o devido sigilo aplicável ao caso".
Procedimentos proibidos
Conforme o G1, Hellen Kacia Matias da Silva começou a ser investigada ainda em setembro de 2023. Ela era suspeita de fazer procedimentos estéticos expressamente proibidos pelo Conselho Federal de Odontologia, que só podem ser realizados por médicos. Entre eles estão: a redução do nariz (alectomia), retirada de pele excessiva dos olhos (blefaroplastia), lipo de papada (face lifting) e outros.