Clarinha, paciente não identificada, ainda não foi enterrada após 40 dias de sua morte em 14 de março. A mulher esteve em coma por 24 anos, em um hospital, e agora continua no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, no Espírito Santos. Autoridades esperam liberar o corpo na próxima semana para o sepultamento.
As informações são do g1. A demora na entrega do corpo, conforme Wanderson Lugão, chefe do DML, ocorre pela especificidade do caso.
"Esse caso não é comum em nossa rotina. Não me lembro de um outro com nome fictício ou tantas comparações. Geralmente, quando não é um caso de repercussão a nível nacional como esse, e temos um cadáver não identificado, vêm duas ou três famílias em média para exames, e normalmente da Grande Vitória. Nesse caso, foram muitos exames — até hoje, infelizmente, sem resultados positivos - e estendemos um pouco o prazo para aguardar os resultados pendentes", disse.
Lugão ainda descreveu que o prazo normal de liberação do Departamento é de 30 dias, mas para o caso de Clarinha foi estabelecido 40 dias. O titular do DML ainda frisou que ela não será enterrada como indigente.
"Não vamos sepultar ela como indigente, sabendo que tem o interesse de uma pessoa em dar um enterro digno. Se esses últimos resultados também foram negativos, vamos entrar em contato com o coronel e iniciar o processo. Ele terá que fazer o registro civil como foi autorizado pela Justiça, e fazer uma nova solicitação da Certidão de Óbito", frisou.
Testes de compatibilidade
Para tentar desvendar sua morte, foram realizados 12 testes de compatibilidade, destes 8 são de comparação por digitias e 4 de DNAs.
Um caso de comparação de digitais em São Paulo aguarda o resultado. Todos os outros deram negativos. Já em relação ao DNA, um caso de São Paulo deu negativo e outros estão em andamento.
Se algum dos testes der positivo, o corpo de Clarinha deve ser liberado no início da semana que vem para o enterro. Caso nenhum teste venha a dar positivo, coronel Jorge Luiz Potratz, médico da paciente, realizará o enterro.
O corpo da paciente está congelado no DML e está conservado. As digitais de Clarinha só puderam ser recolhidas após o óbito.
Relembre o caso
Clarinha foi levada ao antigo Hospital São Lucas em 2000, após ser atropelada por um ônibus no dia 12 de junho. Segundo relatos de testemunhas, ela estava fugindo de um perseguidor, também não identificado, e correu para uma avenida movimentada no Centro de Vitória. Ela passou por diversas cirurgias. O cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo.
A mulher estava sem documentos e com as digitais desgastadas. Com isso, buscou-se, em um primeiro momento, encontrar algum conhecido entre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha informações da paciente. Ela, então, foi transferida para o Hospital da Polícia Militar, onde foi apelidada de Clarinha pela própria equipe médica. Nenhum parente ou amigo a visitou ao longo dos anos.
Ela estava internada em estado vegetativo no Hospital da Polícia Militar (HPM), em Vitória, e morreu na noite de 14 de março após complicações de uma broncoaspiração.