Caso Miguel: Sari Corte é indiciada por abandono de incapaz que resultou em morte

Pena da ex-patroa da mãe do menino Miguel pode ser de quatro a 12 anos de prisão; decisão foi feita um dia após o depoimento de Sari

Um dia após seu depoimento, Sari Corte Real, foi indiciada por abandono de incapaz que resultou em morte pelo caso de Miguel Otávio, de 5 anos, que morreu após cair de uma altura de 35 metros em prédio de luxo no dia 2 de junho, em Recife. O inquérito foi concluído nesta quarta-feira (1º). A pena pode ser de quatro a 12 anos de prisão. 

Durante coletiva de imprensa online, Ramon Teixeira, delegado responsável pela investigação, confirmou que a ex-patroa da mãe do menino cometeu um "crime preterdoloso", quando o indiciado pratica um crime distinto do que havia projetado cometer. Ramon disse que ao permitir o fechamento da porta a conduta foi dolosa, mesmo que Sari não presumisse que aquilo resultaria na morte do garoto. 

O delegado completou que a decisão foi tomada porque a primeira-dama de Tamandaré sequer acompanhou a movimentação do elevador pelo visor que fica no andar, retornando imediatamente ao seu apartamento, onde fazia as unhas com uma manicure. 

Ainda segundo Ramon, o abandono de incapaz ocorreu de forma dolosa, com intenção por parte de Sari. O resultado da morte, no entanto, poderia ter acontecido não apenas pela queda, mas por várias outras possibilidades. Além disso, ao deixar Miguel sozinho no elevador, Sari infringiu uma lei municipal que proíbe a presença de menores de dez anos desacompanhados neste tipo de transporte.

"A criança, da qual a gente tanto falou, tinha 5 anos de idade, ela sequer poderia ficar desacompanhada no elevador. Pelo acervo probatório dos atos, teve, sim, uma etapa de cogitação. Teria ocorrido por uma irritação ou cansaço de retirar o menino do elevador. Sete vezes, segundo ela. Duas em um outro elevador, que não possui imagens", afirmou o delegado. 

Ao contrário da versão dada pelo advogado de Sari, em que ela teria "simulado" apertar o botão do elevador, uma perícia feita pelo IC constatou que a mulher teria acionado a tecla da cobertura, saindo do elevador em seguida. O laudo da perícia afirma que o menino chegou a acionar a tecla de alarme antes de chegar ao 9º andar, de onde caiu. A ocorrência foi considerada um acidente pelos peritos.