O julgamento do incêndio na boate Kiss segue, nesta terça-feira (7), com o depoimento do ex-técnico de som da banda Gurizada Fandangueira, Venâncio da Silva Anschau. Ao juiz Orlando Faccini Neto, ele declarou que desligou o áudio do palco quando fogo foi iniciado.
"Eu não tenho dimensão, não imagino o que esteja acontecendo, e eu desabilito o áudio dos microfones. Eu desabilitei. Errei", disse, chorando.
Ele contou que viu a banda usando artefatos pirotécnicos anteriormente durante as apresentações, tanto na Kiss quanto em outros locais.
No entanto, ele afirma que não chegou a ver o fogo iniciado e fechou o áudio do palco por uma questão técnica. Segundo Anschau, a banda começava os shows com os microfones fechados. Uma tecla na mesa de áudio servia de atalho para que isso fosse realizado de forma rápida.
"Olho pro palco e Marcelo [de Jesus, vocalista e um dos réus] e Márcio [irmão de Marcelo, percussionista da banda e depoente no processo] se direcionam à esquerda do palco, olham pra cima e gesticulam. Alguém sobe no palco, de fora. Ela tem um extintor. E eu fecho o áudio da banda. Não sabia o que tava acontecendo", relatou.
"Podia ser de alguém ter invadido o palco, aí, era rápido de fechar o áudio", continuou. Os integrantes da banda teriam gritado para o público próximo que saíssem do local.
"Mal percebo uma circunferência de fogo, um princípio de incêndio, pequeno, menos de um palmo", descreveu. O extintor utilizado não funcionou, segundo ele.
Anschau teve problemas respiratórios em decorrência da tragédia e precisou de internação. Além dele, devem ser ouvidos ainda Nivia da Silva Braido, arquiteta indicada pelo Ministério Público, e Gerson da Rosa Pereira, arrolado pela defesa de Elissandro Spohr. Pereira era comandante do Corpo de Bombeiros de Santa Maria.