Assassinato no supermercado não foi racismo porque não existe racismo no Brasil, diz Mourão

Vice-presidente lamentou morte de João Alberto, mas disse não ver racismo no caso

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou que é "lamentável" a morte João Alberto Silveira Freitas, negro espancado e morto no supermercado Carrefour de Porto Alegre (RS). Mourão disse ainda não considerar o caso como racismo.

"Lamentável, né? Lamentável isso aí. Isso é lamentável. A princípio, é segurança totalmente despreparada para a atividade que ele tem que fazer [...] Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui", afirmou Mourão a jornalistas 

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Mourão foi perguntado mais uma vez, em seguida, se o assassinato não teria algum componente racial, e então, respondeu: "Eu digo para vocês o seguinte, porque eu morei nos EUA: racismo tem lá. Eu morei dois anos nos EUA, e na escola em que eu morei lá, o 'pessoal de cor' andava separado, [o] que eu nunca tinha visto isso aqui no Brasil. Saí do Brasil, fui morar lá, era adolescente e fiquei impressionado com isso aí. Isso no final da década 60", disse.

"Mais ainda, o pessoal de cor sentava atrás do ônibus, não sentava na frente do ônibus. Isso é racismo, aqui não existe isso. Aqui você pode pegar e dizer é o seguinte: existe desigualdade. Isso é uma coisa que existe no nosso país", prosseguiu Mourão.

João Alberto foi espancado por um segurança e um policial militar que estava no local. Os dois homens, de 24 e 30 anos, foram presos em flagrante. O crime é investigado como homicídio qualificado. A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre é responsável pelo caso.

O espancamento teria iniciado após um desentendimento entre a vítima e uma funcionária do supermercado, que fica na Zona Norte da capital gaúcha. A funcionária acionou um segurança da loja e João Alberto foi levado da área de caixas para a entrada do supermercado. De acordo com a Polícia Civil, João iniciou a briga ao dar um soco no policial militar.

A esposa de Alberto, Milena Borges Alves, de 43 anos, estava pagando as compras no caixa do estabelecimento, e o marido saiu na sua frente. "Eu estava pagando no caixa, daí ele desceu na minha frente, quando eu cheguei lá embaixo ele já estava imobilizado. Ele pediu ‘Milena, me ajuda’, quando eu fui, os seguranças me empurraram", afirmou.