Putin é eleito presidente da Rússia pela 5ª vez, com 87,97% dos votos válidos

Ele já está como presidente do país há 24 anos

Escrito por AFP ,
Putin
Legenda: Putin deve seguir no comando da Rússia até 2030
Foto: Sergei Savostyanov/Pool/AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi eleito para seu quinto mandato à frente do país, com 87,97% dos votos, de acordo com resultados preliminares anunciados pela comissão eleitoral russa. Agora, ele deve seguir no comando da Rússia até 2030. A informação foi confirmada pela TV estatal Russia-24.

A reeleição de Putin ocorre em um contexto marcado pela repressão na Rússia, a morte do opositor Alexei Navalny e a guerra com a Ucrânia. Ele já está como presidente do país há 24 anos.

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Os três dias de votação foram marcados por um aumento dos bombardeios mortais ucranianos, incursões de milícias pró-Ucrânia em território russo e atos de vandalismo em colégios eleitorais. A votação iniciou na sexta-feira (15) e encerrou neste domingo (17).

O Kremlin apresentou as eleições como uma oportunidade para que os russos expressem seu apoio à ofensiva na Ucrânia, que, por sua vez, as classificou como ilegítimas e chamou seus aliados ocidentais a não reconhecerem o resultado da eleição russa.

Os apoiadores do opositor Alexei Navalny, principal rival de Putin, que morreu em uma prisão no Ártico em fevereiro, convocaram os eleitores a comparecer aos colégios eleitorais ao meio-dia. 

Alguns responderam ao pedido em Moscou e disseram que, assim, honravam a memória de Navalny e mostravam sua oposição da única forma legal possível. 

Em outras partes do mundo, filas se formaram nas embaixadas russas, com multidões especialmente em Paris e Berlim, onde dezenas de milhares de russos vivem no exílio. 

A viúva de Navalny, Yulia Navalnaya, votou na capital alemã. Ao seu redor, alguns carregavam faixas que diziam "Não a Putin, não à guerra" e "Putin é um assassino".

Leonid Volkov, um colaborador próximo a Navalny, agradeceu àqueles que manifestaram sua oposição. "O mundo te viu. A Rússia não é Putin, a Rússia é você", escreveu no X. 

Outros eleitores, porém, demonstraram apoio a Putin. 

"O que queremos hoje, acima de tudo, é a paz", explicou Liubov Piankova, um aposentado de 80 anos que foi votar em São Petersburgo, cidade natal de Putin.

Homenagens a Navalny

No túmulo de Navalny, em Moscou, os jornalistas da AFP viram cédulas eleitorais com o seu nome, colocadas sobre uma pilha de flores. 

Navalny, que promoveu protestos maciços e que antes de morrer convocou manifestações para este domingo, tentou concorrer às eleições presidenciais de 2018, mas a sua candidatura foi rejeitada. 

"Vivemos em um país onde vamos para a cadeia se dissermos o que pensamos. É por isso que quando me encontro em momentos como esse e vejo muita gente, percebo que não estamos sozinhos", disse Regina, 33 anos. 

No geral, as ações da oposição foram calmas, mas a ONG especializada OVD-Info relatou pelo menos 74 detenções por protesto eleitoral.

A dissidência pública tem sido duramente punida na Rússia desde o início da ofensiva contra a Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro de 2022, e as autoridades alertaram contra os protestos eleitorais. 

Já a Ucrânia continuou seus bombardeios, atacando pelo menos oito regiões durante a noite e a manhã deste domingo, segundo o Ministério da Defesa russo. 

Três aeroportos da capital suspenderam brevemente as operações depois que um bombardeio e um ataque com drones no sul provocou um incêndio em uma refinaria de petróleo. 

Em Belgorod, cidade russa perto da fronteira com a Ucrânia, vários ataques ucranianos neste domingo mataram duas pessoas – um homem e uma menina de 16 anos – e deixaram 12 feridos, segundo o governador da região.

E na região de Zaporizhzhia, na Ucrânia, controlada pela Rússia, drones incendiaram um colégio eleitoral, segundo autoridades em Moscou. 

Antes das eleições, os meios de comunicação estatais russos exaltaram os recentes avanços no front e apresentaram o conflito como uma luta pela sobrevivência contra os ataques ocidentais. 

Um show será realizado na Praça Vermelha de Moscou na segunda-feira para marcar o 10º aniversário da anexação da península da Crimeia pela Rússia, um evento que deverá servir como celebração da vitória de Putin.

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