Papa propõe 'busca pela verdade' na Venezuela: 'pensem no verdadeiro bem da população'

A manifestação do pontífice ocorre após pedidos dos Estados Unidos e de vários países da América Latina e da Europa

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
Papa Francisco
Legenda: Papa Francisco no Vaticano
Foto: FILIPPO MONTEFORTE / AFP

O papa Francisco fez um apelo para que "busquem a verdade" na Venezuela, em meio a denúncias de fraude envolvendo a reeleição do presidente Nicolás Maduro. O pontífice falou para uma multidão, após a oração dominical do Angelus na Praça de São Pedro, neste domingo (4), no Vaticano.

A manifestação do papa ocorre após diversos países pedirem a divulgação das atas das polêmicas eleições presidenciais realizadas em 28 de julho. 

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"Faço um apelo sincero a todas as partes para que busquem a verdade, ajam com moderação, evitem qualquer tipo de violência, resolvam as controvérsias através do diálogo e tenham em mente o verdadeiro bem da população e não interesses partidários", disse o papa.

Recentemente, a líder da oposição, María Corina Machado, agradeceu o pedido de sete países europeus para que sejam divulgadas as atas de votação.

Escalada da violência 

Os protestos contra a vitória de Maduro já deixaram pelo menos 11 civis mortos, segundo organizações de direitos humanos, e mais de 2 mil detidos.

Maduro foi confirmado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, como presidente reeleito com 52% dos votos, contra 43% do opositor Edmundo González Urrutia, que concorreu no lugar de Machado, impedida pela justiça de ocupar cargos públicos.

Nicolás Maduro exibe o documento após ser proclamado vencedor da eleição presidencial de domingo, na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em Caracas
Legenda: Nicolás Maduro exibe o documento após ser proclamado vencedor da eleição presidencial de domingo, na sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em Caracas
Foto: Federico PARRA / AFP

Com isso, o governante de esquerda assumiria um terceiro mandato, projetando-se para um total de 18 anos no poder. No entanto, a oposição publicou em um site atas que dariam a González 67% dos votos.

A autoridade eleitoral ainda não divulgou resultados detalhados da votação e alegou que seu sistema foi alvo de um “ataque hacker em massa”. Maduro e altos funcionários desconsideram a validade dos documentos divulgados pela oposição.

Europa, Estados Unidos e América Latina se manifestaram

Após reaparecer em público no sábado em uma manifestação em Caracas, depois de ter se declarado "na clandestinidade", a líder da oposição agradeceu neste domingo aos governos de Alemanha, Espanha, França, Itália, Países Baixos, Polônia e Portugal por seu "compromisso com a democracia", após o pedido desses países para que sejam divulgadas as atas da eleição presidencial da Venezuela.

No sábado, em uma declaração publicada pelo governo italiano, os sete países europeus expressaram "forte preocupação" e solicitaram às autoridades venezuelanas "publicar rapidamente todos os registros" das eleições para garantir a "total transparência".

"Em nome dos venezuelanos, agradeço este importante comunicado", escreveu Machado na rede social X. "Apoiamos a exigência de que se verifique o quanto antes, a nível internacional e independente, as atas que apresentamos", acrescentou.

Os Estados Unidos, que mantêm sanções financeiras contra a Venezuela para pressionar Maduro, também apoiaram a oposição ao afirmar que há "evidências esmagadoras" de uma vitória de González Urrutia.

Peru, Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá também reconheceram González Urrutia como vencedor das eleições presidenciais. No entanto, países como Brasil, Colômbia e México tentam promover um acordo político. 

Rússia e China, por outro lado, apoiaram o presidente chavista.


 

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