Incêndio em centro de imigrantes na fronteira do México com os EUA deixa pelo menos 39 mortos
Um socorrista que pediu para não ser identificado disse que havia cerca de 70 migrantes, a maioria venezuelanos, no local
Pelo menos 39 pessoas morreram após um incêndio em um centro de migração em Ciudad Juarez, no norte do México, que faz fronteira com El Paso, no Texas, Estados Unidos. A informação foi divulgada pelas autoridades do estado mexicano de Chihuahua nesta terça-feira (28), segundo a emissora americana CNN.
O incêndio ocorreu no Instituto Nacional de Migração (INM) depois que cerca de 70 migrantes foram recolhidos nas ruas da cidade. A causa, porém, é desconhecida. Também ainda não foram divulgadas as nacionalidades das vítimas.
Vinagly, uma venezuelana, gritou desesperadamente do lado de fora do centro de migração, para onde seu marido de 27 anos havia sido levado após ser detido em uma batida policial. Ele foi atingido pelo incêndio, mas a esposa desconhecia seu estado de saúde. "Eles [funcionários da imigração] levaram-no numa ambulância. Não dizem nada. Um parente pode morrer e eles não dizem 'ele está morto'", afirmou a mulher, com a voz embargada.
Um socorrista que pediu para não ser identificado afirmou que havia de 70 migrantes, a maioria venezuelanos, no local.
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Imigração
Ciudad Juárez é uma das cidades fronteiriças onde permanecem retidos numerosos estrangeiros que tentam entrar nos Estados Unidos. Um relatório recente da Organização Internacional para as Migrações (OIM) indica que, desde 2014, cerca de 7.661 migrantes morreram ou desapareceram a caminho dos Estados Unidos desde 2014 e 988 morreram em acidentes ou por viajar em condições subumanas.
O presidente dos EUA, Joe Biden, propôs em fevereiro novas restrições ao asilo para migrantes que chegam pela fronteira com o México, e que os obrigaria a solicitá-lo nos países por onde transitam ou por meio de consultas online.
Estas medidas são anunciadas numa altura em que o presidente democrata é acusado pela oposição republicana de ter perdido o controle da fronteira, com mais de 4,5 milhões de pessoas interceptadas sem documentos naquela região desde que tomou posse.
De janeiro a junho de 2022 - último mês disponível - mais de 28 079 venezuelanos passaram de maneira irregular pela região de Darién, superando os haitianos e cubanos que costumavam ser os maiores grupos nesta fronteira até 2021. A situação preocupa organizações internacionais humanitárias, já que a travessia é extremamente perigosa por causa das condições terrestres da selva e da existência de grupos criminosos.
Embora os EUA sejam o desejo de grande parte dos venezuelanos que emigram, a maioria procurava os países da própria América Latina, mesmo que de maneira provisória.
A Colômbia é o país que mais os recepciona, com mais de 2,4 milhões. Em seguida vem Peru (1,3 milhão), Equador (513 mil) e só então EUA (465 mil). Dos mais de 6 milhões de venezuelanos deslocados no mundo, mais de 5 milhões estão na América Latina e Caribe.