Himalaia registra escassez de neve e pode afetar abastecimento de água de 25% da população mundial
Alerta foi dado por cientistas após avaliarem diminuição "significativa" das nevascas no topo da cordilheira
Os cientistas do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (Icimod) alertaram, nesta segunda-feira (17), que o Himalaia tem registrado uma escassez de neve neste ano. Com a diminuição "significativa" das nevascas no topo da cordilheira, cerca de 25% da população mundial pode ser afetada com a falta de abastecimento de água, que depende do degelo do Himalaia.
Na região, o degelo contribui para o volume total de 12 grandes bacias hidrográficas que nascem em altitudes elevadas. Conforme o Sher Muhammad, autor do relatório, essa escassez é um sinal de alerta.
“O menor acúmulo de neve e a flutuação dos níveis desta aumentam consideravelmente o risco de escassez de água, especialmente este ano. Trata-se de um sinal de alerta para os pesquisadores, os responsáveis políticos e as comunidades que vivem águas abaixo".
O Icimod, com sede no Nepal, faz o acompanhamento das nevascas e abastecimento na região, monitorado a neve na região há mais de 20 anos. A organização detalhou que a neve e o gelo do Himalaia são uma fonte de água essencial para 240 milhões de pessoas que vivem nas regiões montanhosas e 1,65 bilhão que habita em suas bacias em vários países.
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Baixa persistência da neve no solo
O relatório mediu o tempo que a neve permanece no solo. Este ano, os níveis diminuíram em quase um quinto do normal em toda a região de Hindu Kush, na cordilheira que leva o mesmo nome no Paquistão e Afeganistão, e no Himalaia. "Este ano, a persistência da neve (18,5% abaixo do normal) é a segunda mais baixa dos últimos 22 anos, logo após o recorde de 19% estabelecido em 2018", indicou Muhammad.
Além do Nepal, o Icimod inclui:
- Afeganistão;
- Bangladesh;
- Butão;
- China;
- Índia;
- Mianmar;
- Paquistão.
O Icimod acrescentou que o cenário de 2024 é particularmente incomum. A bacia do Ganges, que atravessa a Índia, apresenta a "persistência da neve mais baixa" já registrada pelo Icimod, 17% abaixo da média.
No Afeganistão, por sua vez, a bacia do rio Helmand também registrou seus segundos níveis mais baixos de persistência da neve, 32% abaixo do normal. E a bacia do rio Indo caiu 23% em relação ao normal, enquanto a do Brahmaputra, que chega a Bangladesh, registrou uma persistência da neve de 15%, "notavelmente inferior ao normal".