Arraia fica grávida sem contato com macho em aquário dos EUA; entenda
A arraia não tem contato com machos da mesma espécie há oito anos
A gravidez de uma arraia no Aquarium & Shark Lab Team ECCO na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, está chamando atenção da comunidade científica. Charlotte, como é chamada pelos funcionários do aquário, não tem contato com machos da mesma espécie há oito anos e divide o tanque apenas com tubarões.
O anúncio da gravidez foi feito no início do mês através das redes sociais do aquário, que também publicou vídeos com o ultrassom do animal. Charlotte está grávida de quatro filhotes. No Instagram do aquário, há diversas publicações atualizando os seguidores sobre a gestação da arraia.
Segundo uma publicação feita no último domingo (25), não há previsão de quando os filhotes irão nascer. "Não podemos encontrar nenhum precedente ou dados que deem um período de tempo específico de gestação. Charlotte não mostra comportamentos incomuns ou mudanças nos padrões alimentares. Paciência é o jogo agora", diz a legenda do post.
Teorias dos cientistas
A bióloga professora e mentora do Colégio Mackenzie, Maristela Peres Rangel, explica que o cruzamento e fecundação entre animais distintos é possível, mas a tendência é que este não seja o caso dos animais do aquário americano. "Só conseguimos filhotes híbridos com espécies muito próximas como leões e tigres, mas o que sai dessa reprodução é infértil, a espécie não se perpetua. Não é o que aconteceu entre a arraia e o tubarão", pontua.
No caso de Charlotte, Maristela acredita se tratar de um caso de reprodução por partenogênese. "É um processo de reprodução assexuada em que algumas fêmeas, em função do ambiente em que estão, acabam gerando descendentes sozinhas", explica.
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Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), também fala que em casos de partenogênese "apenas o óvulo da fêmea é capaz de, nas suas divisões, acabar gerando um novo indivíduo. É raro para espécies que se reproduzem com machos e fêmeas, mas nessa raridade é possível acontecer", afirma.
Segundo Maristela, os animais tendem a preterir este tipo de reprodução pela baixa chance de manutenção da vida dos filhotes. "Os animais que vão ser gerados à partir da partenogênese não tem variabilidade genética, se tiver é uma variação mínima, a falta dessa variabilidade é um problema de sobrevivência com a passagem dos anos", segundo Maristela.