As autoridades de saúde na América do Norte e na Europa detectaram dezenas de casos suspeitos ou confirmados de varíola do macaco desde o início de maio, levantando temores de que a doença, endêmica em partes da África, esteja se espalhando.
O Canadá foi o último país a informar que está investigando mais de uma dezena de casos suspeitos da doença, depois que Espanha e Portugal detectaram mais de 40 casos possíveis e verificados.
O Reino Unido confirmou nove casos desde 6 de maio, e os Estados Unidos reportaram na quarta-feira (18) o primeiro, o de um homem de Massachusetts que testou positivo para o vírus depois de visitar o Canadá.
A doença, da qual a maioria das pessoas se recupera em semanas e que só foi fatal em casos raros, infectou milhares de pessoas em partes da África Central e ocidental nos últimos anos, mas é pouco frequente na Europa e no norte da África.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou na terça-feira (17) que está trabalhando em coordenação com as autoridades de saúde britânicas e europeias sobre os novos surtos.
"Precisamos entender melhor a extensão da varíola do macaco nos países endêmicos para entender a verdade sobre como está circulando e o risco que significa para as pessoas, bem como o risco de exportação", declarou a epidemiologista Maria Van Kerkhove, em uma conferência de imprensa da OMS.
O primeiro caso no Reino Unido foi identificado em uma pessoa que viajou para a Nigéria, mas os casos subsequentes foram possivelmente por transmissão comunitária, segundo a Agência de Segurança Sanitária (UKHSA) em comunicado. "Os casos mais recentes, juntamente com relatos de casos em países da Europa, confirmam nossa preocupação inicial de que a varíola do macaco possa estar se espalhando em nossas comunidades", comentou Susan Hopkins, consultora médica do governo britânico.
A OMS informa que também investiga o fato de muitos dos casos relatados serem de pessoas que se identificam como gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens.
"Estamos vendo uma transmissão entre homens que fazem sexo com homens", disse o vice-diretor-geral da OMS, Ibrahima Socé Fall, em entrevista coletiva. "Esta é uma nova informação que precisamos investigar adequadamente para entender melhor a dinâmica da transmissão local no Reino Unido e em outros países".
Contato sexual
A agência de segurança sanitária britânica observou que a varíola do macaco não era caracterizada como uma doença sexualmente transmissível e enfatizou que "pode ser transmitida por contato direto durante a relação sexual".
"Qualquer pessoa, independentemente da orientação sexual, pode espalhar a varíola por contato com fluidos corporais, feridas da varíola ou objetos compartilhados (como roupas e roupas de cama) que foram contaminados com fluidos ou feridas de uma pessoa com varíola", informaram os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos em um comunicado na quarta-feira (18).
A instituição acrescentou que os desinfetantes domésticos podem matar o vírus nas superfícies. Seus sintomas incluem febre, dores musculares e inchaço dos gânglios linfáticos, antes de causar uma erupção semelhante à catapora no rosto e no corpo, explicou a agência americana.
As autoridades de saúde da província canadense de Quebec anunciaram que estavam investigando pelo menos 13 casos suspeitos de varíola do macaco, informou a emissora pública CBC na quarta-feira.
Os casos foram relatados às autoridades de Montreal depois que diagnósticos foram feitos em várias clínicas especializadas.
A Agência de Saúde Pública do Canadá (PHAC) disse à CBC que pediu às "autoridades de saúde pública e laboratórios associados em todo o Canadá para estarem vigilantes e investigarem quaisquer casos potenciais". De acordo com os CDC, não houve casos relatados de varíola do macaco por 40 anos antes de a doença reaparecer na Nigéria em 2017.