Autoridades de saúde dos Estados Unidos confirmaram, na sexta-feira (16), um diagnóstico de "varíola dos macacos" em um passageiro vindo da Nigéria, na África. O caso é o primeiro diagnosticado em quase 20 anos no país, e a doença, rara e grave, pode ser fatal. As informações são do portal G1.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) — agência de pesquisa em Saúde Pública ligada ao Departamento de Saúde nacional — e o Departamento de Saúde estadual do Texas, o paciente, morador dos EUA e não identificado, está hospitalizado em Dallas, no estado texano, seguindo isolado e com saúde estável.
O paciente viajou em dois voos: de Lagos, na Nigéria, para Atlanta, no estado norte-americano da Geórgia, tendo embarcado em 8 de julho e chegado no dia seguinte, e de Atlanta para Dallas no dia 9 de julho.
O CDC, porém, acredita que o risco de contágio da varíola dos macacos por meio de gotículas respiratórias tanto nos aviões quanto nos aeroportos seja baixo, dados que os viajantes são obrigados a usar máscaras em razão da pandemia de Covid-19.
Em nota, a agência afirmou estar "trabalhando com a companhia aérea e com autoridades de saúde estaduais e locais para contactar os passageiros e outras pessoas que possam ter entrado em contato com o paciente".
Além disso, o CDC comunicou avaliar riscos potenciais para as pessoas que tenham tido contato próximo com o viajante nas aeronaves e em outros locais. Tais pessoas estão sendo entrevistadas por autoridades da Saúde.
"Temos confiança nos profissionais médicos federais, estaduais e locais que estão trabalhando para garantir que esse vírus seja contido", escreveu o prefeito de Dallas, Eric Johnson, no Twitter.
O diretor do Departamento de Saúde do Condado de Dallas, Philip Huang, disse, em nota, que não há motivo para alarde em relação à enfermidade — segundo ele, "há um risco muito pequeno para o público em geral".
O que é a varíola dos macacos
Conforme o CDC, a varíola dos macacos está na mesma família de vírus como o da varíola, mas causa uma infecção mais branda.
A doença foi descoberta em 1958, quando colônias de macacos usados em pesquisas passaram por dois surtos da infecção. Em decorrência disso, a enfermidade recebeu esse nome. O primeiro caso em seres humanos foi identificado anos depois, em 1970, na República Democrática do Congo.
Ainda segundo a agência, especialistas ainda precisam identificar onde a varíola dos macacos "se esconde na natureza". "Acredita-se que roedores pequenos mamíferos na África têm um papel na propagação do vírus para humanos e para outros animais florestais, como macacos".
O CDC lembra que, na época, houve um grande esforço para eliminação da varíola, cujo último caso natural se deu em 1977, antes de ser considerada erradicada oficialmente pela Organização Mundial de Sáude (OMS), em 1980.
Desde o primeiro paciente identificado em 1970, houve registros da doença em humanos em nove outros países do centro e do oeste da África. Na Nigéria, de onde o paciente veio, houve mais de 400 casos confirmados desde 2017.
Varíola dos macacos nos Estados Unidos
Um surto da doença atingiu 47 nos Estados Unidos em 2003, mas não houve óbitos. Segundo o CDC, essa foi a primeira vez em que a varíola dos macacos foi confirmada em seres humanos fora do continente africano.
Na época, o vírus foi trazido por roedores importados da África, que passaram a doença a cães da pradaria — uma espécie de roedor nativo da América do Norte —, os quais são usados como animais de estimação.
De acordo com a agência norte-americana, só houve outros cinco países com registros de casos em humanos fora da África: três pessoas no Reino Unido e uma em Israel em 2018, e uma em Cingapura em 2019.
Neste ano, além do caso identificado no Texas, houve registros de três ocorrências no Reino Unido. O CDC pontuou que os casos não têm relação com o diagnosticado no continente americano.
Sintomas e contágio da varíola dos macacos
Os primeiros sintomas da doença podem ser similares aos da gripe, sendo acompanhados de inchaço nos gânglios linfáticos. Seguidamente aos primeiros sinais, as pessoas infectadas têm erupções cutâneas no rosto e no corpo. A infecção, na maioria dos casos, dura entre duas e quatro semanas.
O CDC informou que, no caso específico do Texas, testes de laboratório mostraram infecção do paciente com uma cepa mais comum em partes da África Ocidental, incluindo a Nigéria. "Infecções com essa cepa de varíola dos macacos são fatais em cerca de uma em cada cem pessoas. Mas as taxas podem ser mais altas em pessoas com sistema imune debilitado", ressaltou o órgão.
Uma pessoa pode ser infectada com varíola dos macacos ao ser mordida ou arranhada por animais contaminados, ao ingerir carne de bichos selvagens de caça ou ao ter contato com um animal ou produtos de origem animal infectados.
Os especialistas acreditam que, entre humanos, o principal modo de transmissão se dá por meio de gotículas respiratórias. Por essas gotículas não circularem por mais do que poucos metros, os cientistas avaliam que o contágio nesses casos ocorre quando existe contato próximo e prolongado com pessoas com o vírus.
O contágio da varíola dos macacos também é possível por meio de contato com fluidos corporais, feridas e objetos contaminados.
Conforme o CDC, a doença não tem um tratamento comprovado e seguro. No entanto, a vacina contra a varíola já foi ministrada no controle de surtos anteriores, como o ocorrido nos EUA em 2003.