Seita de jejum no Quênia: veja o que se sabe sobre o suspeito de levar pessoas à morte

Líder espiritual afirmava que fieis conheceriam Jesus através do jejum

Líder da Igreja Internacional de Boas Novas, Paul Mackenzie Nthenge está sendo apontado como o responsável por levar dezenas de membros do culto à morte, no Quênia. O pastor, que atuou como taxista antes de fundar a congregação, já havia sido preso anteriormente.

No início de abril, mais de 70 corpos foram encontrados em uma floresta do país africano, de acordo com balanço realizado pro Japhet Koome, chefe da polícia do Quênia, e divulgado nessa segunda-feira (24).

As vítimas do chamado Massacre da Floresta de Shakahola aparentemente faziam parte da igreja liderada por Mackenzie e morreram devido à falta de alimentação. Conforme informado por relatório emitido pelas autoridades locais, o pastor as fez acreditar que, através do jejum, “conheceriam Jesus”.

QUEM É O PASTOR?

Antes de transformar-se em um “líder espiritual”, Paul Mackenzie trabalhava como taxista. Em 2003, decidiu fundar a Igreja Internacional de Boas Novas, congregação que se basearia nos princípios cristãos. Atualmente, a igreja possui mais de 3 mil membros e diversas filiais no país.

O pastor costumava propagar um programa intitulado “Mensagem dos Últimos Tempos”, em que abordava pregações e profecias sobre o “final dos tempos”. Ele afirmava “levar o evangelho do nosso senhor Jesus Cristo, livre do engano e do intelecto do homem”.

Em 2017, Paul criou um canal no Youtube onde condenava práticas que ele considerava “demoníacas”, como usar perucas ou realizar transações digitais, sem dinheiro vivo. 

No mesmo ano, o pastor foi preso por “radicalização”, após ter promovido a “não escolarizaçãode crianças, argumentando que a educação não seria reconhecida pela bíblia. 

De acordo com Japhet Koome, Mackenzie chegou a ser preso outra vez, acusado de estar envolvido no falecimento de duas crianças, que teriam morrido de fome após receberem instruções do líder espiritual. Na ocasião, ocorrida semanas antes do “Massacre de Shakahola”, ele foi solto após pagar fiança de 100 mil xelins quenianos, cerca de R$ 3,7 bilhões. 

Sabendo que estava sendo procurado, Paul entregou-se à polícia na noite de 14 de abril. 

ATO TERRORISTA

Presidente do Quênia, William Ruto classificou o massacre como “característico de terroristas” e prometeu que adotará medidas ofensivas contra seitas religiosas.

“Os terroristas usam a religião para promover seus atos hediondos. Pessoas como Mackenzie utilizam a religião para fazer exatamente o mesmo", afirmou.