Quem é Mohammed Deif? Conheça esse e outros líderes do Hamas que planejaram ataque

Mohammed Deif, Abdullah Barghouti e Yahya Sinwar estão no grupo há várias décadas

O conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas ganhou um novo capítulo após o início da Operação “Tempestade Al-Aqsa”, no sábado (7). O ataque do grupo islâmico, que matou mais de 250 pessoas em Israel, levantou um questionamento sobre a capacidade militar do grupo.

Embora o governo israelense tivesse conhecimento do poderio militar do Hamas, a ofensiva dos extremistas pegou o governo de Israel de surpresa. 

Outro ponto que pode surpreender é a identidade das lideranças do grupo extremista, tendo em vista que os principais nomes do Hamas frequentemente aparecem mascarados na mídia ou estão constantemente fugindo das tentativas de assassinato por Israel.

Veja abaixo mais detalhes sobre os principais líderes políticos e militares mais importantes do Hamas atualmente. As informações são da BBC.

MOHAMMED DEIF

Mohammed Deif se juntou, imediatamente, ao grupo dois anos após a fundação, em 1989. O grupo surgiu em 1987. Deif foi preso por autoridades israelenses. Ele ficou 16 meses na prisão, sem julgamento, acusado de trabalhar para o aparato militar do grupo islâmico.

Em seu período preso, Al-Deif se juntou a Zakaria Al-Shorbagy e Salah Shehadeh com o objetivo de criar um movimento — separado do Hamas — para capturar soldados israelenses, nascendo assim as brigadas Izz al-Din al-Qassam, após sua libertação.

Ele também foi o engenheiro responsável por construir os túneis por onde os combatentes do Hamas partiram de Gaza e se infiltraram em Israel, promovendo assim a estratégia de lançar um maior número de foguetes contra o território israelense.

Entre as acusações mais graves contra Al-Deif estão:

  • Planejar e supervisionar uma série de operações de vingança pelo assassinato de Yahya Ayyash — responsável no Hamas por produzir bombas, entre as quais aquelas alocadas em um ônibus e que mataram cerca de 50 israelenses no início de 1996.
  • Participar da captura e morte de três soldados israelenses em meados da década de 1990.

Al-Deif foi novamente preso em 2000, contudo, ele conseguiu fugir no ínicio do período conhecido como "Segunda Intifada" e segue foragido desde então. Em toda história, só existe três registros fotográficos dele:

  • A primeira imagem foi capturada mais de 20 anos atrás;
  • Na segunda imagem ele aparece com uma máscara no rosto; e
  • Na terceira imagem é possível ver, somente, sua sombra.

Devido sua alta periculosidade, autoridades israelenses promoveram diversas operações para matá-lo. Em uma delas, no ano de 2002, Al-Deif conseguiu sobreviver à operação, mas perdeu um olho.

O governo de Israel afirma que nesta mesma ofensiva israelense, ele também perdeu um pé e uma mão, além de possuir dificuldade para falar, devido ao ataque.

Em 2014, durante uma nova onda de ataques na Faixa de Gaza, o exército israelense promoveu uma série de ofensivas na região, que duraram mais de 50 dias, e, novamente, não conseguiu matá-lo, porém sua esposa e dois dos seus filhos morreram na ocasião.

Mohammed Deif ganhou vários apelidos com o passar dos anos, sendo eles:

  • O Hóspede”: Por estar em constante perseguição israelense, o seu apelido mais conhecido foi lhe dado porque Al-Deif não fica no mesmo lugar mais de uma noite e todos os dias pernoita numa nova casa;
  • O Gato de 9 vidas”: Devido sua capacidade de sobrevivência após várias investidas israelenses;
  • "Abu Khaled": Assim ficou conhecido após seu papel em uma peça chamada "O Palhaço", na qual interpretou a figura histórica que viveu no período entre as dinastias Omíada e Abássida. Ele era apaixonado por atuar e tinha um grupo de teatro na Universidade Islâmica de Gaza, onde cursou biologia. 

ABDULLAH BARGHOUTI

Abdullah Ghaleb Al-Barghouti nasceu no Kuwait — país árabe localizado no Golfo Pérsico — em 1972 e mudou-se para a Jordânia após a Guerra do Golfo, em 1990. Ele chegou a estudar engenharia eletrônica em uma universidade sul-coreana por três anos, onde aprendeu a fabricar explosivos.

Por ter adquirido cidadania jordaniana, ele conseguiu permissão de entrada na Palestina, fazendo com que ele não concluísse os estudos.

Em algum momento, suas habilidades em fabricar materiais explosivos foi desconhecida, até mesmo, por pessoas ao seu redor. Até que, um dia, ele levou seu primo Bilal Al-Barghouti a uma área remota na Cisjordânia e demonstrou suas habilidades, detonando uma pequena quantidade de material explosivo.

Após ter visto o potencial de seu primo, Al-Barghouti partiu para a cidade de Nablus para relatar os detalhes do que tinha visto ao então comandante das brigadas, que pediu que Abdullah se juntasse às fileiras das brigadas al-Qassam.

Ao se juntar à brigada, Barghouti trabalhou na produção de artefatos explosivos, detonadores e substâncias tóxicas. Entre seus "feitos", ele foi o responsável por criar uma fábrica especial para produção militar em um armazém em sua cidade.

Além disso, as operações coordenadas e dirigidas por Abdullah resultaram na morte de mais de 66 israelenses, além de 500 feridos. Em 2003, ele foi preso pelas forças especiais israelenses e interrogado durante três meses consecutivos.

Seu julgamento contou com a presença de dezenas de familiares dos israelenses mortos e sua sentença foi a mais longa da história do país com 67 penas de prisão perpétua e um total de 5.200 anos de reclusão. Outras pessoas consideraram a pena mais longa para um prisioneiro na história.

Em seus período aprisionado, Barghouti realizou uma greve de fome que pôs fim ao seu confinamento solitário. Atualmente ele continua preso em Israel. 

Lá ele recebeu o apelido de “O príncipe das Sombras” depois de escrever dentro da prisão um livro com esse título, no qual ele fala sobre a vida dele e os detalhes das operações que realizou ao lado de outros prisioneiros.

No livro, ele descreveu como contrabandeou explosivos através dos postos de controle militares israelenses e realizou operações de bombardeio remoto, com detalhes precisos.

YAHYA SINWAR

O líder do Hamas e chefe do seu gabinete político na Faixa de Gaza, Yahya Ibrahim Al-Sinwar, nasceu em 1962, em um campo de refugiados em Khan Yunis, quando estava sob o domínio egípcio, onde passou seus primeiros anos.

Ele foi o responsável por fundar o “Majd” — serviço de segurança do Hamas — que cuida da segurança interna, incluindo interrogatórios de suspeitos de colaborar com Israel. Com o passar dos anos, esse órgão evoluiu para rastrear também os serviços de inteligência e segurança israelenses.

Atribui-se, também, a ele o planejamento da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, que infiltrou centenas de terroristas armados em território israelense, responsáveis pelo assassinato de pelo menos 1.000 pessoas, a grande maioria civis, e a tomada de 130 reféns.

Em sua história, Sinwar chegou a ser preso algumas vezes. A primeira, em 1982, quando as forças israelenses o mantiveram em detenção administrativa durante quatro meses. Em sua terceira prisão, em 1988, Sinwar foi condenado a quatro penas de prisão perpétua.

A condenação foi dada devido a morte de dois soldados israelenses e de quatro palestinos considerados espiões de Israel. O atual comandante do Hamas em Gaza chegou a passar 23 anos em prisões israelenses.

Em 2011, enquanto estava na prisão, o tanque do soldado israelita Gilad Shalit foi alvo de um ataque de mísseis do Hamas, tornando-o refém. Para libertar Shalit, Israel concordou com um acordo de troca de mais de 1.000 prisioneiros dos movimentos Fatah e Hamas, incluindo Yahya Sinwar.

Ainda em 2011, ao voltar para o país, Sinwar regressou, de imediato, à sua posição de líder sênior do Hamas e membro de seu gabinete político.

Em setembro de 2015, os Estados Unidos incluíram o nome dele na sua lista de “terroristas internacionais”. Em 13 de fevereiro de 2017, Yahya Sinwar foi eleito, por meio de votações secretas, chefe do gabinete político do Hamas.