Nova vice-presidente da Argentina, Victoria Villarruel se tornou famosa, principalmente, pelos discursos acerca de uma revisão da política vigente que indeniza vítimas da repressão militar sofrida durante a ditadura (1976-1983).
Advogada formada pela Universidade de Buenos Aires, a parlamentar também possui formação técnica em segurança urbana e portuária pela Universidade Tecnológica Nacional. Filha, sobrinha e neta de militares, Victoria defende o que chama de “memória completa”. De acordo com ela, o Estado deve considerar que havia uma “guerra” durante o período da ditadura, com dois lados: militares e guerrilheiros. “Nós estamos conseguindo abordar um montão de ideias que eram impensáveis, que eram intocáveis, que não podiam ser questionadas”, afirmou ela, na reta final da campanha do primeiro turno, em entrevista à rádio Cadena 3, da província de Córdoba.
Em 2006, Villarruel fundou o Centro de Estudos Legais sobre o Terrorismo e suas Vítimas (Celtyv), organização para buscar reparação histórica para vítimas de atos de grupos guerrilheiros nos anos 1970.
Em 2021, Victoria e Milei se conheceram e criaram a bancada do A Liberdade Avança (LLA), movimento pelo qual venceram as eleições presidenciais da Argentina.
Sequestros e desaparecidos
Em recentes declarações, Javier Milei questionou a quantidade de vítimas sequestradas pela repressão durante a ditadura. “Estamos absolutamente contra uma visão torta da história. Na nossa opinião, houve uma guerra nos anos 1970 e, naquela guerra, as forças do Estado cometeram excessos, mas também os terroristas mataram gente, colocaram bombas e cometeram crimes contra a humanidade”, disse ele. “Não foram 30 mil desaparecidos. Foram 8.753”, afirmou, em outro momento.
Já Victoria não menciona números referentes ao período da ditadura, mas declarou que guerrilheiros mortos “em combate” ou militantes que ela disse que se mataram na cadeira não deveriam receber dinheiro do Estado.
Ela também não nega que foram cometidos crimes durante a repressão militar. Em entrevista ao canal La Nación+, a advogada foi questionada se negava o que aconteceu durante a ditadura militar e respondeu: “não”. Em seguida, contestada se houve crimes contra os direitos humanos na ditadura, a vice-presidente disse: “sim”.
A líder da entidade Avós da Praça de Maio, Estela de Carloto, repúdio as declarações feitas por Milei sobre os números de desaparecidos. “Ele deu um número com tanta certeza [no debate] que parecia até que sabia o nome de cada um dos desparecidos”, declarou ela.