Protestos e confrontos em Caracas marcam reeleição de Maduro

Presidente venezuelano foi reeleito para o terceiro mandato

As forças da ordem reprimiram, nesta segunda-feira (29), protestos espontâneos realizados na Venezuela contra a reeleição do presidente Nicolás Maduro, que vem sendo questionada pela oposição e grande parte da comunidade internacional. As manifestações foram registradas em favelas de Caracas. 

"E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!", gritavam milhares de manifestantes que foram às ruas da gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. "Entregue o poder já!", exclamavam outros.

Uma delas, realizada em uma área residencial e de escritórios no leste da cidade, foi dispersada com bombas de gás lacrimogêneo. As manifestações ocorrem em paralelo ao ato de proclamação de Maduro, que denunciou uma tentativa de golpe de Estado "de caráter fascista e contrarrevolucionário".

Liderada por María Corina Machado, a oposição afirmou não ter convocado esses atos. 

O governo afirma que a oposição tenta desestabilizar o país por meio da violência. O presidente do Conselho Nacional Eleitoral denunciou uma suposta tentativa de invasão ao sistema eleitoral para "adulterar" os resultados e o procurador-geral vinculou Machado a essa iniciativa.

Terceiro mandato de Maduro

No poder desde 2013, Maduro poderá se manter na Presidência por 18 anos, até 2031. Apenas o ditador Juan Vicente Gómez terá governado por mais tempo que ele, durante 27 anos (1908-1935).

A oposição venezuelana, que tentava pôr fim a 25 anos de chavismo, denunciou fraude na votação e se declarou vitoriosa, com 70% dos votos, contra 30% para Maduro. "Violaram todas as normas", declarou na madrugada González. "Isso não é mais uma fraude, isso é ignorar e violar grosseiramente a vontade popular", disse Machado.

A maioria das pesquisas favorecia a oposição, após anos de uma crise que fez o Produto Interno Bruto (PIB) encolher em 80% e levou ao êxodo mais de sete milhões de pessoas, segundo dados da ONU.

Maduro havia descrito a eleição como uma encruzilhada entre "paz ou guerra", e advertiu que uma vitória da oposição poderia levar a um "banho de sangue".