Por que Bento XVI renunciou? Relembre trajetória do papa emérito

Sucessor do popular Papa João Paulo II, Bento XVI governou o principal cargo da Igreja Católica por apenas 7 anos, 10 meses e 9 dias.

Bento XVI, falecido neste sábado (31) aos 95 anos, tornou-se o primeiro papa emérito da história recente da Igreja Católica (o último tinha abdicado ainda no século XV). Por escolha própria, durante uma reunião com cardeais em Roma em 2013, o religioso anunciou sua renúncia, em latim.

À época, Bento XVI alegou que deixaria o comando da Igreja Católica por falta de forças na mente e no corpo. Na ocasião, ele ainda prometeu obediência ao seu sucessor, o Papa Francisco, eleito em 13 de março do mesmo ano.

“No mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor, seja do corpo, seja do ânimo, vigor que, nos últimos meses, em mim diminuiu, de modo tal a ter que reconhecer minha incapacidade de administrar bem o ministério a mim confiado”.
Papa Bento XVII

Segundo ele, a decisão de renunciar foi tomada após uma viagem ao México, em março de 2012. Na época, ele levou uma queda, o que debilitou mais ainda sua saúde. Além disso, sentiu o peso da idade em um voo intercontinental, o que o impediu de vir ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013.

Aposentadoria

Joseph Ratzinger escolheu viver sua aposentadoria em reclusão em um mosteiro convertido no Vaticano, onde era atendido por uma equipe de médicos e sua família papal de longa data: seu secretário, monsenhor Georg Gaenswein, e algumas mulheres consagradas que cuidam das atividades domésticas.

Bento se manteve isolado desde a renúncia, adotando um estilo de vida simples, com exceção de algumas aparições públicas e comentários teológicos publicados por escrito. As poucas fotografias publicadas do papa emérito mostram que sua saúde piorou nos últimos anos.

Sucessor do popular Papa João Paulo II, Bento XVI governou o principal cargo da Igreja Católica por apenas 7 anos, 10 meses e 9 dias. Nos últimos anos de poder, viu sua influência e popularidade enfraquecidas. Ele delegava boa parte das decisões a pessoas de confiança, como o cardeal Bertone.

“Com um ato de extraordinária audácia, ele renovou o ofício papal, e com um último esforço o potencializou”, disse Dom Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI e Prefeito da Casa Pontifícia, em maio de 2016, num evento em Roma. “Não é surpreendente que, para alguns, ele seja visto como revolucionário. Outros veem nisso um papado secularizado, mais humano e menos sacro. Outros, ainda, são da opinião de que Bento XVI tenha quase desmistificado o papado.”