O papa Francisco admitiu, nesta terça-feira (5), que padres e bispos abusaram sexualmente de freiras - declarou ele no avião de volta à Itália, após viagem aos Emirados Árabes Unidos. "Houve padres e também bispos que fizeram isso", reconheceu o sumo pontífice, que nunca havia abordado este assunto antes, ao ser questionado por uma jornalista.
Em sua avaliação, é possível encontrar registros destes abusos "em todas as partes", mas estão mais presente em "algumas congregações novas e em algumas regiões". "Estivemos trabalhando por muito tempo sobre este assunto. Suspendemos vários clérigos que foram despedidos por esta causa", afirmou Francisco, sem mencionar nomes, nem países.
"Não sei se o processo (canônico) terminou, mas também dissolvemos algumas congregações femininas que estiveram muito vinculadas a esta corrupção", acrescentou, destacando que a Igreja não pode se refugiar na negação. "Temos que fazer algo mais? Sim. Temos a vontade de fazê-lo? Sim!", afirmou o sumo pontífice.
Francisco voltava de uma visita histórica a Abu Dhabi, capital de Emiratos Árabes Unidos, que durou menos de 48 horas, a primeira de um papa na Península Arábica. O que chamou mais atenção de uma missa multitudinária foi a assinatura, na segunda-feira, de um documento "sobre a fraternidade humana", junto ao grande imã sunita do Instituto egípcio Al Azhar, xeque Ahmed al Tayeb.
"O documento foi preparado com muita reflexão e rezando (...) Para mim, há um único risco neste momento: a destruição, a guerra, o ódio entre nós. E, se nós, crentes, não somos capazes de nos darmos as mãos, de nos abraçarmos (...) Nossa fé será derrotada", comentou a respeito.