Papa aceita renúncia de cardeal canadense suspeito de assédio sexual

Cardeal de 78 anos foi responsável pelos bispos de todo o mundo por uma década

O papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal canadense Marc Ouellet, de 78 anos, nesta segunda-feira (30), após o religioso ser alvo de denúncias de assédio sexual. A acusação foi efetuada em agosto de 2022 referente a toques inadequados sofridos por uma bolsista entre 2008 e 2010. 

Na época, Ouellet era arcebispo de Québec. O cardeal foi responsável pelos bispos de todo o mundo durante uma década, sendo um dos cargos mais importantes do governo do Vaticano. 

Diante das denúncias, "negou categoricamente" as acusações, as quais qualificou de "difamatórias", e anunciou que estava disposto a participar de um julgamento para provar "sua inocência". 

Após renúncia, será substituído pelo monsenhor estadunidense Robert Francis Prevost, atual bispo de Chiclayo (Peru), que toma posse em abril. Prevost também terá a responsabilidade de presidir a Comissão para a América Latina, órgão da Santa Sé para a região.

Segunda denúncia

Na época das denúncias, o papa Francisco considerou que “os elementos eram insuficientes para abrir uma investigação canônica”, e o cardeal permaneceu no cargo. 

Nesta segunda-feira, porém, a diocese de Québec confirmou à AFP a existência de uma segunda denúncia contra o cardeal, apresentada por uma mulher em 2020. A acusação foi revelada há apenas duas semanas pelo semanário Golias.

O cardeal canadense foi considerado um dos maiores críticos internos do papa Francisco, foi contra a ordenação de mulheres ao sacerdócio e sempre promoveu as posições mais conservadoras da Igreja Católica sobre casamento homoafetivo, aborto e outras questões sensíveis.