O retorno do controle do Talibã no poder do Afeganistão também deve significar a volta da Sharia, a lei islâmica que rege contratos comerciais, modo de vida os que seguem a religião e até mesmo proibições relacionadas à alimentação e punições.
Ainda na última quarta-feira (17), um dos comandantes do grupo islâmico, Waheedullah Hashimi, revelou que o país não seria mais baseado em nenhum tipo de atividade democrática.
"Nós não vamos discutir que tipo de sistema político deve ser aplicado no Afeganistão porque é bem claro. Será a lei da Sharia e é isto", disse em entrevista concedida à agência Reuters.
O que é a lei da sharia?
Na prática, a Sharia é o sistema jurídico do islã, aplicado de formas diferentes ao redor do mundo atualmente. Entretanto, apesar da distinção em como é aplicado, significa o conjunto de normas proveniente do Alcorão, que possui as falas e condutas do profeta Maomé.
Utilizada como diretriz para a vida de todos os muçulmanos, ela mostra disposições que incluem aspectos como orações diárias, jejum e doação para os pobres, ela.
Entre os preceitos da lei estão questões como as vestimentas e os comportamentos esperados de homens e mulheres. Espaços são geralmente separados por gênero, conforme o código, também delimitando que as mulheres devem cobrir pelo menos os cabelos por completo.
Além disso, a lei prevê punições severas em casos de crimes. Para roubo e adultério, por exemplo, pode haver casos de amputação da mão do condenado ou até mesmo pena de morte, respectivamente.
Como o Talibã aplica a sharia?
Ainda no período entre 1996 a 2001, quando o Talibã esteve oficialmente no controle do Afeganistão, a lei da Sharia era aplicada com dureza. Mulheres eram forçadas a usar burcas, chegando ao caso de serem espancadas caso saíssem de casa sem a presença de um guardião do sexo masculino.
Na época, escolas para meninas foram fechadas, enquanto pessoas que quebravam as regras impostas pelo grupo foram publicamente executadas, açoitadas ou apedrejadas.
Agora, os militantes do Talibã voltaram a afirmar que a Sharia deve ser seguida no território afegão com a retomada do regime fundamentalista.
O tom, no entanto, surgiu diferente dessa vez. Segundo o porta-voz do grupo, que concedeu entrevista à BBC britânica, os direitos das mulheres e da imprensa devem ser respeitos. Porém, não foram concedidos mais detalhes sobre a questão.