A polícia da Alemanha reuniu provas contra o suspeito de assassinar a menina Madeleine McCann, desaparecida em 3 de maio de 2007, e acredita que ela foi morta em Portugal, conforme noticiou a mídia internacional nesta terça-feira (18).
O suspeito, Christian Brueckner, teve o sigilo telefônico quebrado. A polícia deve analisar seus movimentos no dia em que Madeleine desapareceu, há 14 anos, na praia portuguesa de Algarve, no condomínio Ocean Club, onde a família passava férias.
"Por muito tempo, os policiais da Alemanha disseram que peças-chave do quebra-cabeça estavam faltando sobre os movimentos de Christian B em Algarve. Essa nova informação pode ajudar a providenciar uma dessas peças", disse uma fonte policial ao jornal Mirror.
Brueckner tem 44 anos e está preso, cumprindo pena por estuprar uma estadunidense de 72 anos, em Portugal. Em setembro de 2020, ele teve o pedido de liberdade negado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), após recorrer da condenação de 2019.
Antes, a polícia acreditava que a menina tinha sido levada para a Alemanha, e então morta. O promotor do caso, Hans Christian Wolter, afirmou que 'evidências concretas' devem provar que Brueckner matou a garota.
"Acreditamos que ela foi morta em Portugal. Estou otimista que iremos resolver esse caso", disse o promotor. Mais detalhes não foram revelados, para não comprometer o caso.
Madeleine teria feito 18 anos na última quarta-feira (12).
Caso ganha relevância
As investigações do desaparecimento de Madeleine ganharam novos rumos em 2020, quando a polícia passou a considerar Christian como suspeito. Ele viveu na região do Algarve português de 1995 e 2007, segundo o Serviço Federal de Polícia Criminal da Alemanha (BKA), e morou em uma casa a cerca de 3 quilômetros da praia da Luz durante alguns anos no período em que Madeleine desapareceu.
Na mesma época, a promotoria alemã afirmou que Madeleine poderia ser considerada morta. A polícia afirma que o suspeito trabalhou no setor turístico e teria sido investigado por roubos em complexos hoteleiros e tráfico de drogas.
Antes da declaração que considerava Madeleine morta, Clarence Mitchell, porta-voz da família McCann, disse que os pais da menina, Kate e Gerry, consideravam o anúncio de um suspeito "potencialmente muito significativo".
Segundo o porta-voz, que representa a família desde o desaparecimento, a polícia nunca havia sido "tão específica" sobre um suspeito até o ano passado.
Entenda o desaparecimento
Madeleine McCann desapareceu em 3 de maio de 2007, quando ela dormia num quarto de hotel de um complexo turístico da Praia da Luz, perto da cidade de Lagos, no sudoeste do país. Ela e os seus irmãos gêmeos de dois anos ficaram sozinhos no quarto, enquanto os pais, Gerry e Kate McCann, desceram para jantar com amigos em um restaurante próximo.
Desde o desaparecimento, os McCann promoveram uma grande campanha para tentar localizar Madeleine em vários países e chegaram a processar um jornal português que os apontou como possíveis responsáveis pela morte dela. Em agosto de 2007, a polícia considerou pela primeira vez a hipótese de assassinato.
Ao longo das investigações, a procuradoria chegou a acreditar que o corpo da criança havia sido congelado e escondido.
Os próprios pais foram considerados suspeitos, antes de a investigação concluir que a menina havia sido sequestrada. O ex-inspetor da Polícia portuguesa, Gonçalo Amaral, defendia a tese de que a menina morreu por um acidente que os pais estavam envolvidos. Ele chegou a lançar um livro, ´Maddie - A Verdade da Mentira´, e foi afastado do caso.
Gerry e Kate também recorreram a investigadores privados. Um dos detetives contratados afirmou que Madeleine vivia no Marrocos. Ele viajou até o local, mas descobriu que a menina não era Meddie.
Em 2014, a polícia relacionou o desaparecimento a uma série de agressões sexuais contra crianças britânicas em Portugal provavelmente realizadas por um único criminoso, registradas entre 2004 e 2010.
Em junho de 2020, as autoridades alemãs divulgaram que a investigação passou a considerar Christian como suspeito. Ele já estava preso após ser condenado por um estupro, em 2005, de uma estadunidense de 72 anos na praia da Luz, a mesma em que Madeleine desapareceu.
Ele a uma pessoa que falou com ele entre as 19h32 e as 20h02, no dia em que a menina desapareceu, tiveram os telefones investigados pela polícia. A menina teria sido levada entre as 21h10 às 22h.
Os policiais realizaram buscas em endereços e automóveis relacionados à Christian.