As chamas dos incêndios que destroem parte da cidade de Los Angeles, na Califórnia (EUA), se intensificaram e mudaram de direção neste sábado (11), espalhando a destruição por outros bairros. Até o momento, o incêndio – considerado o pior da história de Los Angeles – já deixou 16 mortos, e fez com que mais de 150 mil moradores da região precisassem deixar suas casas.
Neste domingo (12), a tragédia chegou ao sexto dia, e ainda é difícil precisar quando as chamas estarão controladas. Isso porque os fortes ventos da região – fenômeno conhecido como "ventos de Santa Ana" – tem dificultado o combate às chamas, segundo os Bombeiros.
A mudança de direção dos ventos preocupa as autoridades. Até o momento, as chamas estavam concentradas especialmente em duas localidades, Pacific Palisades e Eaton.
Cinco mortes ocorreram no incêndio em Pacific Palisades, bairro de alto padrão onde moram diversas celebridades. A localidade foi uma das mais afetadas da tragédia e teve quarteirões inteiros destruídos.
As outras 11 mortes foram registradas em Eaton. Em entrevista à AFP, moradores do bairro de Altadena, um dos afetados, afirmou que a atuação dos bombeiros estava concentrada nas mansões de luxo, o que dificultou o combate às chamas em boa parte da região.
"Não vimos um único bombeiro enquanto jogávamos baldes de água para defender nossa casa das chamas", afirmou o morador Nicholas Norman, 40, à agência de notícias.
Vítimas incluem ex-astro de TV que ficou preso em casa e idoso que tentou combater o fogo
Segundo a imprensa norte-americana, algumas das vítimas dos incêndios já foram identificadas. Já foram reconhecidos o aposentado Anthony Mitchell, de 67 anos, que cuidava do filho, Justin Mitchell, 30, quando o fogo chegou à casa da família. Mitchell tinha uma perna amputada e Justin tinha paralisia cerebral. Ambos aguardaram ajuda para conseguir sair da residência, mas não resistiram ao fogo.
Um ex-ator mirim australiano que morava em um chalé em Malibu também faleceu na tragédia. Rory Sykes, de 32 anos, que atualmente se dedicava à filantropia, estava em casa com a mãe, Shelley Sykes, quando o fogo tomou a residência. Shelley conseguiu escapar, mas Rory ficou preso e não resistiu.
Outras duas vítimas faleceram ao se recusarem a deixar suas residências. O surfista Randoll Miot, de 55 anos, estava "acostumado a incêndios", segundo a irmã, e por isso não quis deixar a casa em Malibu, onde morou durante toda a vida.
Já Victor Shaw, de 66 anos, morava em Altadena, área afetada pelo incêndio em Eaton, e se recusou a sair de casa. Ele estava em casa com a irmã, Shari Shaw, que insistiu para que o irmão saísse do local antes de fugir das chamas. Ao voltar para casa, ela percebeu que o irmão ainda havia tentado apagar o fogo com uma mangueira, mas não tinha conseguido.
Além das 16 mortes registradas, 13 pessoas estão desaparecidas, segundo o xerife do Condado de Los Angeles, Robert Luna. Ainda não é possível afirmar, no entanto, se os desaparecimentos estão relacionados aos incêndios.
Entenda o que são os ventos de Santa Ana
Os ventos de Santa Ana são um fenômeno meteorológico característico do sul da Califórnia e do norte da Baja California, no México, conhecido por seu papel crucial na intensificação de incêndios florestais na região.
Originados nas áreas desérticas do interior da Califórnia, esses ventos quentes e secos descem em direção à costa, aquecendo e perdendo umidade devido à compressão atmosférica.
Suas rajadas podem ultrapassar 100 km/h, tornando-se um fator decisivo na rápida propagação do fogo. A ocorrência dos ventos é sazonal, ou seja, não está sempre presente ao longo do ano, e concentra-se no outono e no inverno, períodos em que as condições atmosféricas favorecem sua formação.
A combinação de altas temperaturas, baixa umidade e ventos fortes cria um cenário ideal para transformar pequenos focos de incêndio em grandes desastres em poucas horas, como acontece agora em Los Angeles.
Além disso, a secura provocada pelos ventos desidrata rapidamente a vegetação, deixando-a altamente inflamável. Outro efeito notável é a deterioração da qualidade do ar, devido à poeira e às partículas em suspensão, agravadas pela fumaça dos incêndios, que podem causar problemas respiratórios e reduzir a visibilidade.
>> Acesse nosso canal no Whatsapp e fique por dentro das principais notícias.