Incêndio da Notre-Dame é transmitido ao vivo por cearense em rede social

Pináculo (ponto mais alto) da Notre-Dame desabou; cearense Max Petterson viu a tragédia

O incêndio de grandes proporções que destruiu, nesta segunda-feira, parte da Catedral de Notre-Dame, um dos cartões-postais de Paris, às margens do rio Sena, foi transmitido ao vivo pelas redes sociais de um cearense, antes mesmo de o fato ganhar o noticiário mundial. O ator Max Petterson, que mora na capital francesa desde 2014, estava indo a um festival de cinema, quando soube do fogo e desviou seu caminho para confirmar com os próprios olhos o que até então era só um boato "difícil de acreditar".

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"Assim como muitas pessoas que moram aqui, eu precisava ver para acreditar que a Catedral estava pegando fogo", comentou o cearense, que ficou conhecido no Brasil quando um dos seus vídeos reclamando do calor europeu viralizou, em 2017. Impactado com o incêndio na Igreja, Max disse ainda que Paris ficou um caos e que "toda a cidade parou para assistir".

"A sensação é horrível. Eu estava aqui desde o começo, você via todo mundo se surpreendendo junto, no momento em que cada pedaço de madeira caía até não sobrar nada no teto", lamentou.

O ator destacou a importância do templo. "Quem mora em Paris, quem já veio a Paris sabe o quanto essa igreja, esse monumento, é importante para a cidade, é o monumento do Marco Zero de Paris. Ela marca a Paris medieval".

História

Já o cearense Jailson Feitosa, historiador da arte, formado pela Sorbonne, lembrou que a grande Igreja gótica marcava uma revolução na arquitetura religiosa. Imponente símbolo do poder eclesiástico sobre a monarquia francesa, a Catedral se tornou a casa daquela que se acredita ser uma das mais importantes relíquias da cristandade: a coroa de espinhos com a qual Cristo foi coroado pelos soldados romanos que havia sido comprada pelo rei da França e trazida de Jerusalém. Não se sabe ainda o paradeiro da peça.

Jailson recorda que, após a Revolução Francesa, a igreja foi invadida, atacada e saqueada pela população revoltada com o clero. As estátuas da Catedral tiveram as cabeças arrancadas e seus sinos de cobre foram derretidos para fazer balas de canhão para as guerras. Com o fim da monarquia, o catolicismo foi proibido, e o templo passou longo tempo abandonado.

No século XVII, a Igreja passou por uma reforma e aos poucos foi recuperando seu status, chegando a ser, em 1804, palco da coroação de Napoleão Bonaparte. Em 1831, Victor Hugo lançou o romance "Notre-Dame de Paris", publicado no Brasil como "O Corcunda de Notre-Dame", que descrevia a precária condição do prédio à época e que ajudou a impulsionar reformas entre 1844 a 1864 lideradas pelo arquiteto Viollet-le-Duc.