Unidades hospitalares da China estão preocupando os órgãos internacionais de saúde pública. As agências de notícias informam a lotação de leitos e enfermarias com pacientes afetados por uma nova onda de Covid-19, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Michael Ryan, chefe de emergências da OMS, declarou que as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão ocupadas, apesar de as autoridades dizerem que os números são "relativamente baixos".
Mesmo com o alerta da OMS, os dados oficiais mostram que ninguém morreu de Covid na quarta-feira (21), mas há ceticismo em relação ao real impacto da doença. Nos últimos dias, hospitais em Pequim e em outras cidades ficaram lotados, à medida que a nova onda da doença atinge o país.
Caos na saúde pública
Alguns hospitais estão cheios, as prateleiras das farmácias vazias e os crematórios lotados, depois que o governo decidiu acabar em novembro com a política de confinamentos, quarentenas e testes em larga escala para conter o coronavírus.
A China seguia desde 2020 uma política de tolerância zero com a covid, com restrições severas. A estratégia possibilitou a proteção das pessoas com comorbidades e aquelas sem esquema de vacinação completo.
Mas o governo acabou, sem aviso prévio, com a maioria das medidas no início de dezembro, em um momento de crescente irritação da população e de impacto considerável para a economia.
O número de casos disparou desde então, o que provoca o temor de uma taxa de mortalidade elevada entre os idosos, em particular os mais vulneráveis.
O governo chinês anunciou na terça-feira que somente as pessoas que faleceram diretamente por insuficiência respiratória causada pelo coronavírus serão contabilizadas nas estatísticas de morte por Covid-19. Conforme as autoridades, esta metodologia "científica" apresenta uma imagem muito mais limitada da situação.
"Depois de ser infectado com a variante ômicron, as principais causas de morte são as doenças subjacentes. Apenas uma pequena parte morre diretamente de insuficiência respiratória causada pela covid", afirmou Wang Guiqiang, do Primeiro Hospital da Universidade de Pequim, em entrevista coletiva da Comissão Nacional de Saúde (CNS).
A mudança de metodologia significa que muitos óbitos não serão registrados como consequência da covid.
No entanto, "a OMS está muito preocupada com a evolução da situação na China (...). Para realizar uma avaliação completa dos riscos da situação, a OMS precisa de informações mais detalhadas sobre a gravidade da doença, as internações hospitalares e as necessidades das Unidades de Terapia Intensiva (UTI)", declarou nesta quarta-feira o presidente da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em sua coletiva de imprensa semanal.