Explosão destrói parte de ponte de Kerch, única via que liga a Crimeia à Rússia

De acordo com o Comitê Nacional Antiterrorismo da Rússia, a explosão deixou dois mortos

Um caminhão-bomba causou, neste sábado (8), a explosão e o desabamento de parte da ponte de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia, danificando uma importante via de abastecimento entre Moscou e o sul da Ucrânia. Autoridades russas dizem que o caminhão explodiu, incendiando sete tanques de combustível em trens de carga.

O presidente do parlamento regional da Crimeia, apoiado pelo Kremlin, acusou imediatamente a Ucrânia, embora o Kremlin não tenha atribuído a culpa ao país em guerra.

De acordo com o Comitê Nacional Antiterrorismo da Rússia, a explosão deixou mortos.  "Um homem e uma mulher que estavam em um veículo que passava na ponte foram mortos pela explosão e seus corpos foram recuperados", pontuou a entidade. 

Investigação 

Autoridades ucranianas já haviam feito ameaças de ataque à ponte, mas Kiev, até o momento, não reivindicou a responsabilidade. O ato ocorreu um dia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, completou 70 anos. Putin ordenou uma investigação oficial sobre a causa do incêndio.

A ponte rodoviária e ferroviária é a mais longa da Europa, com 19 quilômetros, e foi construída por ordem do presidente Vladimir Putin e inaugurada em 2018. Se trata da única via ligando a Crimeia à Rússia, usada principalmente para transportar equipamentos militares para as forças armadas russas na Ucrânia.

Ameaça nuclear

Autoridades russas estão preparando a sociedade para um possível uso de armas nucleares, afirmou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em entrevista à BBC. Ele classificou a movimentação da Rússia como "perigosa", acrescentando que "não acredita" que o país esteja pronto para usá-las.

"Eles começam a se comunicar. Eles não sabem se vão usar ou não. Acho perigoso até mesmo falar sobre isso", disse. O ato de Putin, de anexar Lugansk e Donetsk à Rússia, levantou temores sobre uma possível escalada na guerra.

Assim como o presidente russo, outros funcionários de alto escalão já sugeriram que armas nucleares poderiam ser usadas para defender essas áreas, embora autoridades ocidentais digam não haver evidências de que Moscou esteja preparada para fazê-lo.

Segundo o presidente dos EUA, Joe Biden, pela primeira vez desde a crise dos mísseis cubanos, durante a Guerra Fria, "temos a ameaça de uma arma nuclear ser utilizada".

Na conversa, o presidente Zelensky negou ter incentivado ataques à Rússia, alegando que uma observação anterior havia sido mal traduzida. "Você deve usar atos preventivos", disse ele, referindo-se às sanções, "não aos ataques".

Nas últimas semanas, o exército ucraniano recapturou grandes extensões de território em uma bem-sucedida contraofensiva que forçou as tropas russas a abandonar posições de longa data, no que Kiev descreve como a resposta de Moscou às suas derrotas, como as anexações feitas por Putin.