Entenda como os EUA tentam evitar que acusado do 11 de Setembro confesse os atentados

Khalid Sheikh Mohammed, conhecido como KSM, está preso em Guantánamo há quase 20 anos

Em uma nova reviravolta no caso, um dos presos mais famosos do mundo, Khalid Sheikh Mohammed, conhecido como KSM, não conseguiu se declarar culpado pelos atentados do 11 de Setembro, nos Estados Unidos.

Depois de entrar em um acordo de que iria se declarar culpado e um julgamento ser convocado para sexta-feira (10), o próprio governo se mobilizou para impedir que KSM cumpra os acordos judiciais. 

Uma das condições desse acordo é de que ele não seria julgado sob a possibilidade de ser condenado à morte. Outra regra, segundo a BBC, é de que familiares das vítimas poderiam fazer perguntas a ele e o detento seria obrigado a responder.

Desde que o acordo foi firmado com um representante da Defesa dos EUA, o próprio governo tenta desfazê-lo alegando que cumpri-lo "privaria o governo e o povo americano de um julgamento público sobre a culpa dos réus e a possibilidade de pena de morte".

Suspensão

Na quinta-feira (9), um tribunal federal de apelações suspendeu as audiências para reavaliar o acordo. 

O detento é acusado por 2,9 mil vítimas dos atentados por crimes que vão desde conspiração até assassinato. KSM já chegou a falar sobre como planejou os ataques usando dois aviões sequestrados de passageiros e os lançando contra o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, nos arredores de Washington.

À época, ele disse que criou a estratégia de ataque, treinou os pilotos e então levou o plano para Osama bin Laden, então líder da Al-Qaeda.

Conforme informações da BBC, o local da audiência já estava preparado, contudo, novamente foi adiada. Não é a primeira vez que isso ocorre. Em outros momentos, a decisão de postergar ocorreu por conta dos efeitos da tortura feita por agentes dos EUA contra os detentos.

KSM foi capturado em 2003 e desde então foi exposto a centenas de sessões de tortura. Inclusive, até 2006, mesmo detido, a localização dele era mantida em sigilo. Nesse meio tempo, segundo a BCC, ele foi torturado com simulações de afogamento, privação de sono e nudez forçada.