O candidato de oposição venezuelano Edmundo González, rival do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, chegou a Madri no domingo (8), informou o Ministério das Relações Exteriores da Espanha. O diplomata de 75 anos, que reivindica vitória nas eleições presidenciais, solicitou asilo político ao país europeu após permanecer escondido por mais de um mês.
Escondido desde 30 de julho, González foi combativo nas mídias sociais, desafiando a autoridade de Maduro. Desde 2 de setembro, ele era objeto de um mandado de prisão depois de ter ignorado três citações para depor no Ministério Público, convocações que ele afirmava que tinham caráter político.
González estava sendo investigado por “usurpação de funções”, “falsificação de um documento público”, “conspiração”, “instigação à desobediência das leis” e “sabotagem”. Isso aconteceu após a publicação por um site de cópias de 80% das atas de votação compiladas por testemunhas eleitorais que a oposição apresentou como evidências da vitória de González Urrutia. O governo, por sua vez, afirma que o material digitalizado está repleto de inconsistências.
A líder opositora María Corina Machado afirmou que a saída de González da Venezuela foi necessária para "preservar sua liberdade e sua vida", em meio a uma "brutal onda de repressão". "A vida dele corria perigo, e as crescentes ameaças, intimações, mandados de prisão e, inclusive, tentativas de chantagem e coação a que foi submetido demonstram que o regime não tem escrúpulos nem limites em sua obsessão em silenciá-lo e tentar subjugá-lo", escreveu nas redes sociais.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse que a viagem para a Espanha do líder da oposição Edmundo González Urrutia, rival do presidente Nicolás Maduro nas últimas eleições, representa o fim de “uma comédia”.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (9) que acompanhou de perto as gestões para o salvo-conduto concedido ao seu rival e que "respeita" sua decisão de se exilar na Espanha.
"Posso dizer ao embaixador González Urrutia, com quem tive confrontos duros após o dia 29 de julho, que estive atento a tudo isso e compreendo o passo que ele deu, respeito, e espero que ele se saia bem em seu caminho e em sua nova vida", disse o presidente em seu programa semanal.
ELEIÇÕES NA VENEZUELA
Maduro foi proclamado vencedor com 52% dos votos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que não divulgou as atas de votação, alegando que seu sistema sofreu um ataque de hackers.
Após o anúncio da reeleição do líder chavista, eclodiram manifestações que deixaram 27 mortos e 192 feridos, além de quase 2,4 mil presos.