Estados Unidos e Coreia do Sul reuniram-se, nesta quinta-feira (31), após a Coreia do Norte lançar um míssil com o objetivo de reforçar capacidade de dissuasão nuclear — o primeiro teste de armamento desde que Pyongyang foi acusada de enviar soldados à Rússia.
Os secretários de Estado e de Defesa dos Estados Unidos, Antony Blinken e Lloyd Austin, reuniram-se com pares sul-coreanos, Cho Tae-yul e Kim Yong-hyun, no Departamento de Estado, em Washington, com as discussões centradas nas novas ações de Pyongyang.
Agência estatal transmitiu lançamento de míssil:
O ministro da Defesa sul-coreano afirmou que Pyongyang também enviou à Rússia "mais de mil mísseis e milhões de peças de munição".
O Estado Maior Conjunto (EMC) sul-coreano havia informado mais cedo ter detectado "um lançamento de míssil balístico da área de Pyongyang em direção ao Mar do Japão por volta das 7h10 locais desta quinta-feira.
Em coletiva de imprensa, Blinken afirmou que cerca de 8 mil soldados da Coreia do Norte chegaram à região russa de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, e estão preparados para entrar em combate nos "próximos dias".
Seul, que havia alertado que Pyongyang se preparava para testar um míssil balístico intercontinental (ICBM) ou até mesmo realizar um teste nuclear antes das eleições americanas, afirmou que é possível que Pyongyang tenha "testado um novo míssil balístico de longo alcance de propulsão sólida".
Mísseis potentes
Os militares sul-coreanos estimam que o projétil voou cerca de mil quilômetros em uma trajetória ascendente.
O desenvolvimento de mísseis avançados de combustível sólido, mais rápidos de lançar e mais difíceis de detectar e destruir, é um objetivo há muito almejado pelo líder norte-coreano Kim Jong Un.
Kim classificou o lançamento como "uma ação militar apropriada que cumpre plenamente o propósito de informar aos rivais (...) sobre o que será nossa resposta", segundo a agência oficial KCNA.
O teste "atualizou os registros recentes da capacidade de mísseis estratégicos" da Coreia do Norte, indicou Kim, que prometeu que seu país "nunca mudará sua estratégia de reforçar suas forças nucleares".
A Coreia do Norte costuma lançar mísseis de longo alcance e mais poderosos em uma trajetória ascendente, para evitar que sobrevoem países vizinhos.
Ações provocadoras
Blinken, Austin e colegas sul-coreanos e japoneses realizaram uma teleconferência para discutir o lançamento, após a qual instaram a Coreia do Norte a interromper "suas ações provocadoras e desestabilizadoras".
Tanto a Casa Branca quanto o secretário-geral da ONU denunciaram que o lançamento do míssil viola as resoluções do Conselho de Segurança.
Em teoria, o míssil poderia atingir território continental americano, embora o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, Sean Savett, afirmasse que não havia risco imediato devido ao teste.
O Estado Maior Conjunto sul-coreano indicou que o exército "elevou seu nível de alerta e compartilha informações sobre os mísseis balísticos norte-coreanos com as autoridades dos Estados Unidos e do Japão".
A China, historicamente o aliado mais próximo da Coreia do Norte, declarou estar "preocupada com os desenvolvimentos na península (coreana)" e pediu uma "resolução política" do tema.
Enquanto isso, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, apontou que o lançamento demonstra a intenção norte-coreana "de desenvolver meios para lançar armas de destruição em massa" e instou Pyongyang a "cumprir imediatamente com suas obrigações" abandonando suas armas nucleares, de destruição em massa e seus programas de mísseis balísticos e nucleares.