O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniu, nesta segunda-feira (21), para discutir a crise da Ucrânia. Na ocasião, a maioria dos países membros condenaram a decisão da Rússia de reconhecer a independência de repúblicas separatistas ucranianas e o envio de tropas às regiões.
"As fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia permanecerão inalteradas, sem importar as declarações e os atos da Rússia."
A Ucrânia pediu à Rússia para "anular a decisão de reconhecer" os territórios separatistas, retornar à mesa de negociações e proceder uma retirada imediata e verificável de suas tropas de ocupação.
Conforme a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, é "um absurdo" que o presidente Vladimir Putin tenha justificado a entrada do exército russo nos territórios separatistas sob o pretexto de uma "força de manutenção da paz".
"[Putin] anunciou (...) que iria enviar tropas russas para estas regiões. Chamam de forças de manutenção da paz. É um absurdo. Sabemos o que realmente são", criticou a diplomata.
A secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Político, Rosemary DiCarlo, "lamentou" as decisões e atos da Rússia. "As próximas horas e dias serão críticos. O risco de um grande conflito é real e deve ser evitado a qualquer custo", declarou na reunião de emergência convocada principalmente pelos países ocidentais.
Moscou não fecha a porta para a diplomacia para resolver a crise na Ucrânia, afirmou o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, mas acrescentou que a Rússia impedirá um "banho de sangue" nos territórios separatistas do leste do país.
"Continuamos abertos à diplomacia para uma solução diplomática. No entanto, permitir um novo banho de sangue em Donbas é algo que não pretendemos fazer", declarou.
'Quem será o próximo a ser invadido?'
Durante a sessão, vários membros do Conselho de Segurança condenaram os últimos eventos. Entre os países que criticaram a Rússia estão França, Noruega e Irlanda, cuja embaixadora, Geraldine Byrne Nason, foi enfática. "Os atos unilaterais da Rússia não fazem mais que exacerbar as tensões", disse.
Para o embaixador da França, Nicolas de Riviere, a Rússia "escolheu uma via questionável e de confronto".
"Quem será o próximo invadido?", questionou de maneira mais direta o embaixador da Albânia, Ferit Hoxha, ao criticar a "ruptura do direito internacional".
O indiano, T.S. Tirumurti, compartilhou "a profunda preocupação" e pediu "contenção de todas as partes", enquanto a embaixadora britânica, Barbara Woodward, exigiu um recuo da Rússia e o Brasil pediu o "cessar-fogo imediato" no leste da Ucrânia.
"O ato de entrar com militares no leste da Ucrânia e o anúncio de reconhecimento da independência de territórios separatistas afetam a integridade territorial do país", criticou o embaixador do Quênia, Martin Kimani.
Gana e Emirados Árabes também criticaram a Rússia, com pedidos de "desescalada" e "contenção".
A China adotou uma postura diferente e não criticou diretamente a Rússia. "Pensamos que todos os países devem resolver suas divergências internacionais por meios pacíficos de acordo com os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas", disse o embaixador Zhang Ju.
Dois decretos assinados pelo presidente russo Vladimir Putin reconhecem as "repúblicas populares" de Donetsk e Lugansk e pedem ao ministério da Defesa que "as Forças Armadas da Rússia (assumam nas regiões) as funções de manutenção da paz".