O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, declarou, nesta segunda-feira (19), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado "persona non grata" no país do Oriente Médio até que peça desculpas, após comparar as ações israelenses em Gaza ao Holocausto nazista. A declaração do chefe de estado brasileiro gerou uma crise diplomática entre as duas nações.
A expressão em latim significa algo como "pessoa não agradável" ou "não bem-vinda", conforme o portal BBC Brasil. Na diplomacia, o termo é aplicado a representantes internacionais que não são mais bem-vindos em missões oficiais em determinado país.
A declaração de Israel Katz foi publicada no X, antigo Twitter. Na ocasião, ele disse que o episódio não será relevado até que haja uma retratação do presidente brasileiro.
Não perdoaremos e não esqueceremos — em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é 'persona non grata' em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras."
A postagem foi compartilhada pelo chanceler após encontro com o embaixador do Brasil em Israel, realizado no Yad Vashem — memorial oficial de Israel em Jerusalém para lembrar as vítimas do Holocausto, conforme o veículo. O diplomata brasileiro foi convocado pelo governo Netanyahu para prestar explicações sobre as declarações do presidente petista.
"Esta manhã convoquei o embaixador brasileiro em Israel para o Museu do Holocausto, o lugar que testemunha mais do que qualquer outra coisa o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus, incluindo membros da minha família", escreveu Kantz no X, segundo o jornal O Globo.
Até a manhã desta segunda, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e o Ministério de Relações Exteriores brasileiro não se manifestaram sobre o caso.
O que Lula falou
Durante entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, nesse domingo (18), o presidente brasileiro disse que "o que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico". “Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, comparou.
"Fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente. E qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que, na Faixa de Gaza, não tá acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças", comentou.
Hamas agradece petista
Em comunicado publicado nessa mesma data nos canais que mantém no Telebram, o Hamas agradeceu a fala do presidente brasileiro, conforme informações do jornal Metrópoles.
“Nós, do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), agradecemos a declaração do presidente brasileiro Lula da Silva, por descrever aquilo a que o nosso povo palestino tem sofrido na Faixa de Gaza como um Holocausto. Os acontecimentos na Faixa de Gaza são como o que o líder nazista Hitler fez aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial”, disse.