Os venezuelanos vão às urnas neste domingo (3) para votar em um referendo sobre a disputa centenária acerca do controle do território de uma área que equivale a 75% do território da Guiana, próxima ao Rio Essequibo. A região possui bilhões de barris de petróleo, além de pedras preciosas.
Essa disputa por terra desperta a atenção de governos e organizações internacionais devido à possibilidade de conflitos militares. O governo brasileiro, inclusive, reforçou a presença militar na fronteira devido à tensão entre os países. As informações são da Agência Brasil.
Neste domingo (5), os venezuelanos terão 5 perguntas para responder, que incluem a opinião sobre a Venezuela usar "todos os meios, conforme a lei", na atual fronteira entre os dois países. A consulta também envolve atribuir cidadania venezuelana a quem vive no território de Essequibo.
Essa área atualmente considerada da Guiana corresponde a 215 mil quilômetros quadrados e é reivindicada pela Venezuela desde o século XIX. Por isso, o governo venezuelano incentiva que toda a população vote "sim" no referendo.
Entenda a disputa
A área em disputa está sob controle da Guiana desde que o País se tornou independente, em 1966.
Até então, o espaço era dominado pelo Reino Unido, desde o século XIX, devido à cessão dos espanhóis de toda a área leste do Oniroco aos holandeses. A Holanda, posteriomente, repassou parte dessa terra para os britânicos.
Por outro lado, a Venezuela indica que esse território nunca foi ocupado por holandeses e cobra pelo direito à terra antes da Guiana se tornar um País.
Na Venezuela, essa região é conhecida como Guiana Essequiba, ou simplesmente, Essequibo, e aparece nos mapas oficiais como “Zona en Reclamación”, ou seja, um território que está sendo reivindicado.
Essequibo possui áreas de seis províncias, das quais duas estão integralmente inseridas e três têm a maior parte de suas superfícies localizadas na região reivindicada pela Venezuela.
No território está uma localidade onde há poucos anos foram descobertas enormes reservas de petróleo e que a Guiana já está explorando, em parceria com companhias como a norte-americana ExxonMobil e a chinesa CNOOC.
Posição da Guiana
A presidência da Guiana convocou agências governamentais e promove eventos, como dias de oração e “círculos de unidade”, desde sexta-feira (1º). O presidente guianês, Irfaan Ali, afirmou que a região de fronteira será reforçada pela polícia e forças armadas.
Em novembro, a Assembleia Nacional da Guiana aprovou uma resolução em que classifica o referendo como “provocativo, ilegal, inválido e sem efeito legal internacional”.
Antes disso, no fim de outubro, a Guiana havia pedido proteção urgente à Corte Internacional de Justiça (ICJ na sigla em inglês), para evitar que a Venezuela ocupe território guianês.
Presença do Brasil na fronteira
O governo brasileiro aumentou o número de militares na fronteira norte do País por causa das tensões entre a Venezuela e a Guiana.
O Ministério da Defesa informou que tem acompanhado a situação e que “ações de defesa têm sido intensificadas na região da fronteira ao Norte do país, promovendo maior presença militar”, conforme nota.
A embaixadora Gisela Maria Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, declarou nesta semana que o governo acompanha com preocupação a disputa na região.
“Nós valorizamos muito o fato de que, no momento em que várias regiões do mundo estão com conflitos militares, a América do Sul permaneça um ambiente de paz e cooperação e, nesse sentido, nós vemos com preocupação esse ambiente tensionado entre dois países vizinhos e amigos", disse à Agência Brasil.