As brasileiras Naira Santa Rita e Marta Mello denunciaram, no domingo (7), um caso de racismo sofrido enquanto participavam do evento Brazil Conference, realizado em Harvard, nos Estados Unidos. A conferência foi organizada por estudantes brasileiros da instituição e do MIT, e ocorreu no último sábado (6). Conforme a Folha de S.Paulo, as duas mulheres negras escutaram um questionamento sobre os cabelos delas.
Três brasileiras, sentadas atrás delas durante o painel com Thiago Leifert, fizeram a pergunta se Naira e Marta teriam piolhos entre as tranças e os dreads. O comentário foi feito em inglês, pensando que elas não entenderiam, mas Naira virou imediatamente para trás.
"Elas viram que eu tinha entendido e se retiraram. Naquele momento eu não me pronunciei porque sou uma mulher negra, Marta é uma mulher negra, e se a gente interrompesse a conferência, seríamos pintadas e taxadas como mulheres negras são: raivosas, combativas, escandalosas".
Segundo a jovem, ela teria "muito mais a perder do que três meninas brancas de Harvard".
Denúncia de racismo
Apesar do caso ter ocorrido no sábado (6), a denúncia foi feita no domingo (7). Em meio ao painel "programa de embaixadores da Brazil Conference", que conta com a presença de líderes comunitários, Naira e Marta leram uma carta de repúdio ao caso.
A transmissão do discurso ocorreu pelo canal do YouTube do evento. A apresentadora Regina Casé, que mediava a mesa, abraçou a dupla.
A Brazil Conference emitiu uma nota reconhecendo o compromisso contra o racismo e declarando que tomará as medidas para "endereçar o ocorrido". "Repudiamos veementemente qualquer ato de discriminação racial e não compactuamos com tais comportamentos em nossos eventos", acrescentou.
À Folha, Naira disse que o caso não é isolado. "Quando a gente fala que estamos formando líderes do futuro em Harvard e MIT, que líderes são esses? Quando a gente tem um posicionamento institucional que, como o nosso colega indígena (Ivo Cípio Makuxi) comentou no início da fala dele, nosso painel estava vazio, não tinha executivos, não tinha financiadores, e nos pintam como o coração da conferência".