O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nessa terça-feira (22) uma rodada de sanções pelo "início de uma invasão da Ucrânia", mas considerou ainda ser possível evitar "o pior", apesar de o Senado russo ter dado aval a Vladimir Putin para o envio de tropas ao país vizinho.
A aprovação unânime da Câmara alta, o Conselho da Federação, permite que Putin implemente "forças de paz" nas duas regiões separatistas ucranianas reconhecidas por Moscou como independentes e potencialmente em outras partes da Ucrânia.
A "primeira rodada" de sanções impedirá a Rússia de levantar fundos ocidentais para pagar a dívida soberana (o que poderia influenciar o valor do rublo e aumentar o custo dos produtos importados), de olho em atingir as instituições financeiras e as elites russas.
No entanto, o presidente americano deixou aberto o canal diplomático para evitar uma invasão russa em grande escala "que causará um enorme sofrimento a milhões de pessoas".
"Evitar que o conflito chegue mais longe" também é o objetivo do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em visita a Washington nesta terça-feira, reuniu-se com altos funcionários do governo americano, incluindo Biden, que lhe garantiu que os EUA continuarão a fornecer armas "defensivas" aos aliados ucranianos.
A Ucrânia, cercada ao norte, sul e leste por 150 mil soldados russos, quer principalmente fortalecer sua defesa antiaérea.
Riscos
As medidas de Biden seguem uma onda de sanções anunciadas pelo Reino Unido e a União Europeia, após Putin declarar a independência das regiões pró-Rússia de Donetsk e Lugansk na segunda-feira (21).
"A Rússia pagará um preço ainda mais alto se continuar com sua agressão", declarou Biden.
O mundo teme uma invasão total da Ucrânia, com o risco de uma guerra catastrófica na Europa.
Os incidentes na linha de frente com os separatistas se multiplicaram nas últimas semanas. De acordo com o governo ucraniano, um soldado foi morto nessa terça-feira e seis ficaram feridos em bombardeios pró-Rússia.
Putin afirmou que os acordos de paz de Minsk sobre o conflito na Ucrânia deixaram de existir e deu um passo adiante, estabelecendo relações diplomáticas com os dois enclaves separatistas.
Porém, ele pareceu deixar uma porta entreaberta ao alertar que o envio de tropas russas "vai depender da situação no terreno".
E desafiou a postura do Ocidente - que nega a Moscou o direito de opinar sobre quem pode ingressar na Otan - observando que “a melhor solução seria que as autoridades atualmente no poder em Kiev se recusassem a entrar na Otan e permanecessem neutras”.
Em uma mensagem televisionada de 65 minutos, incluindo momentos de irritação, Putin classificou a Ucrânia como um Estado falido, um "fantoche" do Ocidente, que estaria preparando uma "guerra relâmpago" para reconquistar as regiões separatistas.