A Assembleia Geral da ONU aprovou, por 187 votos, resolução deste ano pedindo o fim do embargo imposto há seis décadas pelos Estados Unidos a Cuba. A resolução, chamada "Necessidade de pôr fim ao embargo econômico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba", teve dois votos favoráveis a mais do que em 2022, incluindo do Brasil, que se absteve no ano passado. Após a votação, nessa quinta-feira (2), houve aplausos de pé dos diplomatas presentes na sala.
Os Estados Unidos e Israel votaram contra, e a Ucrânia se absteve da votação.
Desde 1992, Cuba apresenta anualmente resoluções na Assembleia Geral para pedir o fim do embargo imposto unilateralmente, na Guerra Fria, pelo presidente John F. Kennedy. Apesar de os governos cubano e americano terem iniciado um processo de normalização das relações diplomáticas em 2015, sob o governo de Barack Obama, o embargo segue em vigor e é considerado por opositores como o principal obstáculo ao desenvolvimento de Cuba.
A resolução reitera o princípio da "igualdade dos Estados, da não intervenção e da não ingerência em assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação internacional" e manifesta "sua preocupação com a promulgação e aplicação continuadas" de leis como a americana Helms-Burton (vigente desde 1996), que tem efeitos extraterritoriais para pessoas e empresas que fizerem negócios com Cuba.
"O bloqueio é um ato de guerra econômica em tempos de paz", disse o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, na tribuna, após lembrar que "mais de 80% da população cubana só viveram" sob o regime de sanções unilaterais americanas.
Manifestações
A forte repressão do governo cubano às manifestações anti-governamentais de julho de 2021, que deixou mais de mil detidos e forçou outros ao exílio, não contribuiu para a mudança esperada na administração democrata de Joe Biden, após as políticas rígidas de Donald Trump.
As autoridades cubanas calculam que seis décadas de embargo causaram perdas de mais de 159 bilhões de dólares para a economia. Só entre março de 2022 e fevereiro de 2023, o bloqueio teria provocado perdas de 4,86 bilhões de dólares.
Sem o embargo, afirmam, a economia teria crescido 9%. A migração é "um efeito direto da intensificação do bloqueio", alertam, em um folheto distribuído à imprensa.